Publicado em: 11/08/2025 às 14:00hs
O agronegócio é um dos principais motores da economia do Brasil. Em 2025, o setor atingiu a marca de 82 bilhões de dólares em exportações no primeiro semestre, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, reforçando sua importância na balança comercial do país. No campo, tecnologias como sensores, satélites e algoritmos já ajudam produtores a tomar decisões mais precisas e eficientes.
Apesar dos avanços tecnológicos no agro, o seguro rural no Brasil permanece atrasado, funcionando com métodos tradicionais e pouco adaptados à realidade atual do campo. Essa defasagem prejudica a proteção dos produtores e limita a competitividade do setor, aponta Rodrigo Zuini, CTO da Picsel.
Segundo dados da Agrolink, o seguro cobre apenas 14% da área agrícola brasileira, enquanto nos Estados Unidos essa taxa ultrapassa os 90%. Entre os principais obstáculos estão a instabilidade nos subsídios públicos — que sofreram corte de R$ 445,1 milhões em 2025, conforme reportado pela Globo Rural —, além da burocracia e modelos de precificação pouco personalizados, que tornam o seguro caro e pouco atraente, especialmente para pequenos e médios produtores.
Para transformar o seguro rural em uma ferramenta estratégica, é fundamental incorporar tecnologias como inteligência artificial, sensoriamento remoto, big data, internet das coisas e agrometeorologia, afirma Zuini. Essas inovações possibilitam cálculo preciso de riscos, personalização das apólices e monitoramento em tempo real das propriedades.
A Picsel, empresa especializada no setor, já utiliza uma plataforma que combina dados históricos e monitoramento por satélite. Em projetos-piloto, foram observados resultados expressivos: aumento de 13% no prêmio segurado, redução de 20% na sinistralidade e diminuição de 66% no tempo para execução das operações.
Um dos principais entraves para a modernização não está na tecnologia, mas sim na cultura e estrutura das seguradoras, que ainda classificam riscos por município, ignorando as particularidades de cada propriedade. Isso contrasta com o uso crescente de ferramentas digitais no campo, como softwares de gestão, drones e imagens de satélite.
Produtores mais tecnológicos demandam soluções de seguro compatíveis com essa precisão. Assim, seguradoras que não adotarem modelos mais inteligentes e flexíveis podem perder competitividade, alerta o especialista.
O setor de insurtechs tem papel fundamental nessa transformação. Em 2025, o segmento atraiu R$ 449 milhões em investimentos, segundo levantamento da Insurtech.com.br. A plataforma da Picsel integra IA, big data e sensoriamento remoto para acelerar processos e entregar uma proteção mais eficaz e personalizada.
A tecnologia permite criar um “gêmeo digital” da lavoura, prever perdas antes que ocorram e responder rapidamente a sinistros, caracterizando uma mudança prática e atual no mercado.
Diante dos eventos climáticos extremos e da importância do setor para a economia nacional, a transformação do seguro rural é urgente, conclui Rodrigo Zuini. É necessário redesenhar o sistema de seguros com base em tecnologia, dados e inteligência.
O agronegócio brasileiro já é referência mundial em produtividade e inovação — é hora de o seguro rural acompanhar essa evolução, garantindo proteção compatível com o ritmo tecnológico do campo.
Fonte: Seguro rural precisa se modernizar para acompanhar a revolução tecnológica do agronegócio
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