Publicado em: 21/08/2025 às 09:00hs
O governo federal deve anunciar até setembro um novo modelo de seguro rural, que poderá se tornar obrigatório para produtores que desejam acessar crédito agrícola com subsídios públicos. A proposta, prevista para a safra 2025/26, integra a estratégia de fortalecer o Plano Safra e aumentar a resiliência da produção agropecuária frente a riscos climáticos.
Ao vincular o seguro à contratação de financiamento, a iniciativa busca reduzir perdas, ampliar a cobertura e oferecer mais previsibilidade tanto para produtores quanto para agentes financeiros.
Segundo Arthur Sanches, Diretor de Contratos da Howden Re Brasil, a proposta visa integrar crédito agrícola e proteção contra riscos climáticos de forma mais eficiente. Com o novo modelo, os produtores teriam acesso a financiamentos com taxas mais competitivas, desde que contratem seguros compatíveis com suas operações.
“O objetivo do governo é tornar o crédito agrícola mais barato. O seguro oferece proteção contra eventos que podem comprometer a capacidade de pagamento, garantindo compensação em caso de perda segurável”, explica Sanches.
A Howden Re, divisão global de resseguros da Howden, considera a medida um avanço estratégico, mas alerta que os benefícios só serão alcançados se houver expansão efetiva da capacidade de cobertura das seguradoras e resseguradoras no país.
A proposta do Ministério da Agricultura inclui também a adoção mais ampla do seguro paramétrico, que utiliza índices climáticos, como volume de chuvas ou temperatura, para determinar indenizações, sem a necessidade de comprovação individual de perdas.
“O seguro paramétrico permite liquidações mais rápidas e maior transparência, além de facilitar o acesso à cobertura por pequenos e médios produtores”, destaca Sanches.
Essa modalidade oferece menor custo de contratação e maior agilidade nos pagamentos, representando uma alternativa prática para ampliar a proteção rural no país.
A Howden Re alerta que a medida pode gerar desequilíbrios caso a demanda por seguros cresça significativamente com a obrigatoriedade ligada ao crédito, mas a oferta de cobertura não acompanhe o ritmo.
“Se a demanda superar a oferta, os preços tendem a subir devido à escassez. É fundamental que políticas voltadas à expansão da capacidade das seguradoras e resseguradoras sejam implementadas, garantindo cobertura suficiente para todos os produtores e agentes de crédito”, conclui Arthur Sanches.
O novo modelo de seguro rural representa, assim, uma oportunidade para fortalecer a agricultura brasileira, mas também exige atenção à estrutura do mercado para que a ampliação da cobertura seja sustentável e eficiente.
Fonte: Portal do Agronegócio
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