Publicado em: 15/09/2025 às 09:00hs
As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros criaram um cenário desafiador para o seguro agrícola, segundo Denise Ozaki, Head de Marketing da Picsel. O recuo nas exportações pode chegar a US$ 5,8 bilhões, com uma redução de 48% na receita dos exportadores, de acordo com levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A queda nos ganhos do produtor rural, combinada com cortes de 42% no orçamento do Programa de Subvenção Rural, reduziu a área segurada de 14 milhões para 7 milhões de hectares, segundo dados do Ministério da Agricultura e da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Seguradoras que mantêm modelos tradicionais de avaliação genérica enfrentam maior inadimplência e perda de carteira.
O diferencial das seguradoras que se destacam está no uso de tecnologia para personalizar produtos e processos. Plataformas digitais permitem precificação ajustada ao risco, subscrição e pagamentos digitais rápidos, além de democratizar o acesso aos seguros. Estudos mostram que a digitalização reduz custos operacionais em até 80 a 90%, permitindo oferecer prêmios mais adequados à realidade de cada produtor rural e gerar margens superiores mesmo em cenários desafiadores.
A guerra comercial atua como uma seleção natural no setor de seguros agrícolas. Regiões mais dependentes do mercado americano, como Sul e Sudeste, e culturas como café e carne bovina são as mais afetadas, segundo análise do IBRE-FGV.
Enquanto seguradoras tradicionais perdem clientes por não conseguirem adaptar produtos e preços, aquelas que investem em tecnologia centrada no produtor conseguem capturar market share de forma exponencial.
Apesar de parecer inviável para grandes carteiras, a tecnologia permite massificar soluções personalizadas sem aumento proporcional de custos. Esse modelo transforma o paradoxo “menos prêmio, mais lucro” em realidade prática.
Relatórios da Forbes Brasil indicam que seguradoras que investem em eficiência tecnológica acessam mercados ainda inexplorados, reduzindo barreiras de entrada para novos clientes. Atualmente, cerca de 90% dos produtores rurais no Brasil não possuem seguro agrícola, evidenciando o potencial de crescimento do setor.
Seguradoras que priorizam o produtor constroem relacionamentos duradouros baseados em transparência, rapidez e acessibilidade. Produtos alinhados à realidade do cliente e processos digitais claros criam barreiras de saída e sustentam a rentabilidade mesmo em cenários adversos.
O cenário atual demonstra que a sobrevivência das seguradoras agrícolas depende da capacidade de adaptação de produtos, preços e processos à realidade do produtor rural. Investir em tecnologia para personalizar soluções e acelerar subscrição reduz inadimplência, amplia participação em mercados restritos e fortalece a fidelização.
Dessa forma, a inovação deixa de ser um custo adicional e se torna um fator estratégico, transformando desafios da guerra comercial em oportunidades de crescimento e vantagem competitiva de longo prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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