Publicado em: 05/11/2025 às 18:40hs
O setor de seguros deve encerrar 2025 com crescimento de apenas 1,9%, considerando o desempenho da Saúde Suplementar, segundo projeção divulgada nesta terça-feira pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).
A estimativa representa uma queda de 8,2 pontos percentuais em relação à previsão divulgada em dezembro de 2024.
De acordo com as entidades, dois fatores principais explicam o desempenho mais fraco: a cobrança do IOF sobre planos de previdência no regime VGBL e os cortes sucessivos na subvenção ao seguro rural.
O seguro rural segue enfrentando dificuldades diante da redução nos aportes do governo ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
Segundo o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, a falta de recursos públicos para subsidiar os prêmios está levando muitos produtores a abandonarem a contratação de seguros, o que aumenta a exposição a riscos climáticos e de mercado.
Atualmente, apenas 2,3% dos 97 milhões de hectares plantados no país possuem cobertura de seguro rural — um dos índices mais baixos da série histórica.
As projeções indicam que, em 2025, o setor deve atingir o menor patamar de cobertura já registrado.
A retração já se reflete nos números do setor.
Entre janeiro e agosto de 2025, o Seguro Rural arrecadou R$ 8,7 bilhões, uma queda de 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
As indenizações também diminuíram, recuando 7,5% e somando R$ 3,1 bilhões pagos no período.
A CNseg estima que o segmento deve encerrar o ano com retração de pelo menos 2,7%, após sucessivas revisões negativas nas previsões de desempenho.
Dyogo Oliveira destacou que o modelo de financiamento do PSR está sob forte restrição orçamentária e tornou-se insustentável.
“Grande parte dos recursos previstos sequer é executada, o que compromete a proteção dos pequenos e médios produtores — justamente os mais vulneráveis”, afirmou.
Para ele, é urgente ampliar os mecanismos de cobertura e garantir maior previsibilidade dos fundos, sob pena de o agronegócio enfrentar sérios riscos nos próximos anos.
Outro fator que impactou as projeções do setor foi a nova cobrança do IOF sobre aportes de previdência no regime VGBL.
As entidades estimam que a medida provocará uma queda de 19,4% na captação em 2025, com reflexos diretos nas receitas do mercado segurador.
A alíquota de 5%, aplicada a aportes acima de R$ 300 mil em 2025 e que passará a valer para aportes acima de R$ 600 mil em 2026, levou a uma redução de 15,2% nas contribuições entre janeiro e agosto, na comparação com o mesmo período de 2024.
O presidente da FenaPrevi, Edson Franco, criticou a nova tributação, afirmando que não há precedente de incidência de imposto sobre aportes destinados à acumulação de recursos.
Segundo ele, trata-se de valores que já foram tributados pelo imposto de renda, e a medida não diferencia grandes investidores da classe média.
Franco ressaltou ainda que 78% dos aportes acima de R$ 600 mil nos últimos dez anos ocorreram apenas uma vez, geralmente em casos de herança, venda de imóveis ou saque do FGTS.
“O VGBL é um instrumento de proteção financeira da classe média e do microempreendedor. Penalizar quem busca segurança financeira é um retrocesso”, afirmou.
Apesar dos desafios enfrentados por alguns ramos, há destaques positivos no setor de seguros este ano.
Os segmentos com melhor desempenho são:
Esses resultados mostram que, mesmo com a pressão do IOF e a retração do seguro rural, alguns segmentos mantêm trajetória de expansão, sustentando parte do crescimento do setor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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