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Workshop organizado pelo Mapa, World Animal Protection e FMVZ/USP vai debater a implementação do modelo de gestação coletiva na suinocultura brasileira

Tendo o bem-estar animal como pano de fundo, o workshop vai promover uma ampla discussão sobre a adoção do modelo de gestação coletiva no Brasil, um tema caro à suinocultura brasileira


Publicado em: 11/11/2014 às 13:30hs

Workshop organizado pelo Mapa, World Animal Protection e FMVZ/USP vai debater a implementação do modelo de gestação coletiva na suinocultura brasileira

O bem-estar animal é um tema onipresente na suinocultura. Não é de hoje. Em todos os países produtores de suínos. Afinal, a garantia do bem-estar animal é um anseio irreversível da sociedade. Uma exigência moderna que vem balizando a forma como se produz suínos.

No Brasil, o tema ocupa lugar central entre as preocupações do setor. Há mais de uma década o assunto vem sendo exaustivamente debatido entre os produtores. Um ponto essencial, porém, não tem recebido a atenção necessária: o alojamento coletivo de fêmeas na etapa de gestação. Enquanto todos os grandes players do mercado suinícola mundial já têm posição clara e regras definidas, o Brasil sequer iniciou suas discussões sobre o tema.

Para corrigir essa distorção, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a World Animal Protection e o Centro de Estudos Comparativos em Saúde e Bem-Estar Animal da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) se uniram para promover o Workshop "Boas Práticas de Bem-estar Animal em Sistemas Sustentáveis na Produção de Suínos". O evento será realizado em Brasília (DF), entre os dias 24 e 26 de novembro e é atividade obrigatória para qualquer suinocultor brasileiro. "As discussões que serão travadas durante o workshop serão muito importantes para sensibilizar e conscientizar todos os atores da cadeia suinícola sobre a importância de aderir aos sistemas de alojamento coletivo de matrizes suínas", afirma a médica veterinária Juliana Ribas, supervisora de Bem-estar Animal da World Animal Protection.

De acordo com Ribas, o evento será uma oportunidade ímpar para que o setor suinícola construa uma orientação sobre o tema. "O Brasil é um grande player do mercado suinícola mundial. É crucial, portanto, que o setor trabalhe essa questão de forma proativa e não espere que esse tipo de determinação venha por meio de legislação, pois isso dificultaria muito a adaptação dos suinocultores brasileiros", argumenta.

Para o consultor Fabiano Coser, a iniciativa do Mapa, da World Animal Protection e da FMVZ/USP é louvável. "O assunto é de suma importância para o setor suinícola. A questão não é saber se, mas quando a suinocultura brasileira vai abolir as gaiolas de gestação", afirma. "E pela primeira vez tanto o governo, quanto as entidades de classe, a comunidade científica e o setor privado, vão se sentar para discutir, de forma clara, a questão das gaiolas de gestação. Essa iniciativa é a fundamental para uma definição da posição do Brasil em relação ao tema", conclui Coser.

O banimento das gaiolas na etapa de gestação é considerado pelos especialistas um caminho sem volta na suinocultura. E que para chegar ao Brasil, argumenta, apenas questão de tempo. "Trata-se de uma tendência mundial, uma exigência do consumidor", avalia Ribas. "Além disso, há também a comprovação de que os sistemas de alojamento coletivo, quando bem realizados, apresentam índices produtivos tão bons ou melhores dos que os das gaiolas, sem contar os ganhos adjacentes do uso de baias coletivas, como maior longevidade das matrizes, menor uso da mão-de-obra, melhor controle e economia de ração etc.", acrescenta.

Programação: esgotando o assunto

Com uma programação divida em quatro painéis (fora as palestras do módulo de abertura), o evento vai colocar em discussão diferentes aspectos da adoção da gestação coletiva, que vão desde a visão da cadeia produtiva acerca do sistema, passando por seus aspectos técnicos e econômicos, até a construção de um modelo de transição para a suinocultura brasileira, com base em experiências daqui, dos Estados Unidos e de países europeus.

Serão também apresentados durante o evento, os modelos de crédito e linhas de financiamento disponibilizadas pelo BNDES e outros bancos estatais para esse tipo de investimento.

De acordo com Coser, além da discussão técnica, haverá uma reunião fechada entre o governo brasileiro, entidades setoriais e representantes da União Europeia para discutir o plano de ação Brasil-Europa em bem-estar animal. Brasil e União Europeia assinaram protocolo de cooperação técnica em bem-estar animal durante a 6ª Cúpula Brasil União Europeia, em janeiro do ano passado. A parceria prevê o intercâmbio regular de informações e cooperação técnica para a melhoria dos sistemas de criação dos animais destinados à produção de alimentos, do seu nascimento ao momento do abate.

Fonte: Redação Suinocultura Industrial

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