Publicado em: 19/07/2013 às 07:10hs
As perdas com a seca dos últimos meses e as altas temperaturas que fizeram este ano mostram a realidade do homem do campo que vive no cenário tórrido do Norte de Minas Gerais, onde mais de 70 municípios já decretarem situação de emergência. Por isso, dentro do plano de universalização do acesso à água do governo federal, por meio do programa Água Para Todos, 7.391 cisternas de polietileno foram instaladas na área rural de 18 municípios do norte-mineiro, principal região castigada pela estiagem. De acordo com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), outros 9.722 reservatórios devem ser entregues em outras 29 cidades, até o fim de 2014. Esses números representam 17 mil famílias beneficiadas com a tecnologia das cisternas de polietileno que são fabricadas pela Acqualimp, uma companhia especializada em soluções para mais e melhor água, que garante o armazenamento de água de qualidade para cerca de 85 mil moradores do campo. Entre as localidades que serão atendidas estão
Bocaiúva, Brasília de Minas, Buenópolis, Brutizeiro, Claro dos Poções, Coração de Jesus, Corinto, Francisco Dumont, Glaucilândia, Guaraciama, Icaraí de Minas, Jequitaí, Joaquim Felício, Juramento, Lagoa dos Patos, Pintópolis, Ponto Chique, Riachinho, Santa Fé de Minas, São Francisco, São João da Lagoa, São Romão, entre outras.
Os trabalhos de instalação das cisternas de polietileno [previstos pela Codevasf para começar ainda neste mês de julho] terão início pela comunidade de Glaucilândia, onde 70 famílias serão beneficiadas. “O cantinho dela já está ali. Não vejo a hora de todos aqui em casa – 11 no total – poderem tomar água de qualidade, sem salobra”, disse a agricultora Sebastiana Barbosa Santos de Melo, de 70 anos, que há aproximadamente um ano, precisou se submeter a uma intervenção cirúrgica para a retirada de 48 pedras nos rins. Resultado, segundo diagnóstico do médico que a acompanhou, de uma vida inteira tomando água com alto índice de calcário.
Na cidade de Bocaiúva, mais precisamente no Sítio Paraterra, distante apenas 16 km do município, serão distribuídas 864 cisternas de polietileno. De acordo com o secretário Municipal de Agricultura, Carlos Alberto Pereira Santos, um benefício que, sem dúvida, minimiza as dificuldades enfrentadas pelos moradores da localidade com a estiagem. “O norte-mineiro vive na pele os problemas causados pela seca. Nosso trabalho é ajudar o agricultor a enfrentar esse desafio”. Na residência de Eduardo Ferreira Carvalho, 30 anos, e Mônica Aparecida Dias, 31, a expectativa é a mesma que a da vizinhança. “Já mudamos o telhado, ajeitamos a casa com uma reforminha, tudo esperando a cisterna para gente mudar as coisas por aqui que não andam boas. Água que é bom, por enquanto, só de poço”, disse a dona de casa, mãe de dois filhos.
Já no Sítio Paracatu, zona rural da pequena cidade de Brasília de Minas, distante pouco mais de 100 km de Montes Claros, a dificuldade que os agricultores enfrentam com o clima seco e quente é semelhante. Por isso, 935 pessoas serão beneficiadas com os reservatórios. Ao todo, são mais de 4.600 pessoas com a garantia de água de qualidade na porta de casa. E próximo dali, na cidade de Japonvar (município formado por 44 comunidades que bebiam água de poços artesianos - com alto nível de calcário - e dos córregos - com livre acesso aos animais), os números são animadores. De acordo com a Secretaria de Assistência Social da cidade, para atender o homem do campo, 385 cisternas de polietileno já foram instaladas. “A gente que é mãe fica preocupada vendo os netos, os filhos e a gente mesmo, tomando água de poço, que é uma água salobra e que dá tanta doença. Daí, quando vejo essa caixa d’água aqui (cisterna) do lado de casa sei que assim que chover por aqui vamos ter coisa boa pra beber”, falou a dona de casa Nair Soares Ferreira de Aquino, de 44 anos, que está entre os 200 trabalhadores rurais de 37 famílias do Sítio Pau Preto, atendidos pelo programa. “Todo mundo aqui queria uma cisterna dessa. Chegaram aqui rapidinho e instalaram tudo, parecia até mentira. Agora estou só esperando a chuva pra eu juntar água nela e deixar de beber água de poço que é ruim que é danada”, complementou o marido, seu Geraldino Justiniano de Aquino, com os olhos cheios de esperança.
Fonte: FSB Comunicações
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