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Roberto Azevêdo diz que é preciso combater protecionismo

O embaixador brasileiro Roberto Azevêdo, eleito novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), reconheceu as dificuldades que terá para conciliar os interesses dos 158 países integrantes do organismo


Publicado em: 09/05/2013 às 11:30hs

Roberto Azevêdo diz que é preciso combater protecionismo

Azevêdo disse que vai se desvincular do papel de representante dos interesses brasileiros e assumir a agenda da organização, que é liberalizar o comércio mundial e combater o protecionismo. É o que mostra a entrevista exclusiva do embaixador Azevêdo à Globo News, concedida à nossa correspondente em Genebra, Bianca Rothier.

PAPEL DA OMC

“A OMC trabalha com assuntos que têm impacto no dia a dia do cidadão sem que ele mesmo perceba: o preço do estádio de futebol, o quanto ele paga. o preço do alimento que ele compra no mercado, o preço da passagem aérea. Essas coisas são afetadas de uma maneira ou de outra pelo que é feito na OMC. O problema é que a OMC lida com temas que se aplicam a 158 países. É difícil avançar de uma maneira muito célere”.

“As negociações que nós temos hoje sobre a mesa refletem um mundo de 30 anos atrás. É preciso atualizar isso tudo, porque as regras não estão acompanhando a velocidade do mundo. O que isso significa? Que fica mais custoso, mais caro para os negócios, para os empreendedores, para as fábricas produzirem produtos. Porque cada mercado vai desenvolvendo os seus próprios padrões e encarece a produção. Então afeta a vida do cidadão”.

RISCOS PARA A OMC

“A irrelevância da OMC é difícil de se vislumbrar no curtíssimo prazo, porque é uma organização que funciona ainda, tem o mecanismo de solução de controvérsias, quando os países entram em desacordo em função de práticas ou medidas que cada um adotou. Isso em si é uma coisa muito importante. A organização ajuda a solucionar essas diferenças por meio dos litígios que nós participamos com tanta frequência, o Brasil”.

“É difícil você imaginar a irrelevância da OMC no curto prazo. Mas à medida que as regras não evoluem, que o mundo vai caminhando e as regras vão ficando paralisadas, a tendência é de que essas negociações migrem para outro lugar. Aí a organização vai ficando para trás, deixando de ser o foco das atenções”.

BILATERALISMO X MULTILATERALISMO

“O multilateralismo e o bilateralismo ou regionalismo sempre caminharam juntos. Não é novidade que se estejam negociando acordos bilaterais. Esses acordos em geral são muito mais ambiciosos. É mais fácil você negociar uma coisa muito ambiciosa entre três, quatro, cinco países do que entre 158 países. As duas coisas sempre caminharam juntas. Mais ambiciosas no bilateral, e menos ambiciosas no multilateral. Mas à medida que o bilateral e o regional vão avançando e o multilateral fica congelado, começa a haver uma desconexão muito grande entre o que está sendo negociado na fronteira dos negócios e o que está sendo negociado na base. E isso pode criar aumento de custos e dificuldade para os negócios”.

PROTECIONISMO E O BRASIL

"É um trabalho muito comum, na medida em que você é diretor-geral de uma organização multilateral você avança com a agenda da organização. A OMC é uma agenda de liberalização comercial, por meio da qual se criam riquezas, regras, disciplinas, previsibilidades, que permitem também o desenvolvimento social nos países de uma maneira geral.

“As pessoas pensam: você vai estar lá, vai haver algum tipo de incompatibilidade. Nenhuma. A partir desse momento será o próximo embaixador do Brasil que vai sentar nessa cadeira que vai ter que defender a agenda do Brasil, que vai ter que fazer com que os interesses do Brasil sejam defendidos na organização. Eu estarei como um mediador e facilitador de consenso”.

Fonte: GloboNews

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