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O Mercosul não pode seguir como âncora a travar o Brasil, ainda mais com um novo acordo Europa/EUA

O mundo atravessa período complexo. As consequências da crise ainda pesam sobre a economia internacional e novos desafios podem surgir. Mas paralisia e isolamento não são resposta adequada


Publicado em: 09/07/2013 às 08:30hs

O Mercosul não pode seguir como âncora a travar o Brasil, ainda mais com um novo acordo Europa/EUA

Numa economia globalizada e interdependente, as respostas nacionais devem, forçosamente, incorporar a dimensão internacional. É assim que os grandes países estão agindo.
 
Ao lado das respostas macroeconômicas que, com maior ou menor êxito, são dadas para superar os efeitos financeiros da crise e restaurar o crescimento, assistimos a um repensar dos processos de integração, das negociações comerciais e da formação de grandes blocos.

A União Europeia (UE) tem presente a nova realidade internacional em mutação. O novo quadro abrange a ascensão da China, o deslocamento do centro de gravidade da economia global para o Pacífico, o fortalecimento dos emergentes e o crescente peso do Sul e das relações Sul-Sul na economia mundial.
 
E temos a possível recuperação da economia norte-americana e sua nova competitividade internacional. Hoje, a UE é o destino de 23% das exportações brasileiras e de 11% das exportações dos EUA. A realidade de um novo acordo EU/EUA pode inverter este percentual. O Mercosul não pode seguir como âncora a travar o Brasil.

O desafio da segurança alimentar e do atendimento à crescente demanda por alimentos requer esforço global e cooperativo no qual as dimensões da abertura de mercados, a integração de cadeias produtivas do agronegócio e o desenvolvimento tecnológico terão importante papel.

A crise e os desafios nacionais e comunitários estão estimulando uma negociação transatlântica de grande magnitude. Os países começam a refletir sobre novas formas de negociação.

A integração das cadeias produtivas, as vinculações entre os setores primário, secundário e terciário e a integração comércio, investimento e finanças poderão levar a uma globalização e a uma Organização Mundial do Comércio (OMC) renovadas.

O Brasil e o Mercosul não podem dar as costas a essa realidade. Temos que atuar com flexibilidade e espírito criativo, reconhecendo problemas e desafios e dando-lhes novas soluções.
 
Infelizmente, o Mercosul não avançou como deveria na consolidação de sua integração. Em meio às dificuldades, o processo de integração passou a ser visto como entrave, e não como instrumento de promoção do crescimento de seus membros e de sua inserção, em novas bases, na economia global.

À dificuldade em levar adiante negociações em conjunto, na ausência de regras claras e respeitadas no Mercosul, juntou-se a atual diferença de visão sobre como responder aos desafios atuais. Para preservar a integração teremos de redefinir seus mecanismos.
 
Nas agenda de negociações internacionais, trata-se de buscar mecanismos que permitam avançar. Não podemos, por exemplo, atrelar  nosso processo de integração a outros mercados, ao processo de países em fase anterior de preparação, como a Argentina.  Esse atrelamento paralisa tudo.

Temos um teste pela frente, com a retomada das negociações com a UE com vistas a sua pronta conclusão. O agronegócio tem uma agenda proativa e propositiva consciente de sua competitividade e capacidade de responder aos desafios da crescente demanda mundial por alimentos.

Conta com a força e a eficiência da agroindústria brasileira, que se moderniza e se renova a cada dia. Altamente tecnológica, nossa agroindústria precisa de capital e de mercado para seguir fazendo bem o seu dever de casa.

Como gerador da maior parte do saldo comercial brasileiro, o agronegócio tem, hoje, crescente importância macroeconômica. Saibamos maximizar seu potencial e combiná-lo com uma maior abertura, associada a políticas de aceleração do crescimento e de modernização do setor industrial, que se fará com investimento maciço em tecnologia e inovação.

KÁTIA ABREU, 51, senadora (PSD/TO) e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), escreve aos sábados na Folha de S. Paulo

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Fonte: Assessoria de Comunicação CNA

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