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Demanda por máquinas industriais cresce 101% no BNDES

O BNDES Finame, linha do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para produção e aquisição de máquinas e equipamentos, encerrou o período de janeiro a maio com desembolsos de R$ 29,5 bilhões, crescimento de 87% na comparação com igual período de 2012


Publicado em: 26/06/2013 às 16:10hs

Demanda por máquinas industriais cresce 101% no BNDES

Desse total, máquinas agrícolas tiveram destaque, com avanço de 144% (R$ 6,4 bilhões), seguidas por máquinas industriais, ou não transporte, com 101% (R$ 8,5 bilhões), e caminhões, 74% (R$ 11,6 bilhões).

Os dados animadores permitiram à instituição apostar em recorde de desembolsos do Finame em 2013. Impulsionado por juros mais baixos do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), as liberações da linha devem chegar a R$ 70 bilhões no final do ano, 60% acima de 2012 (R$ 43,6 bilhões). "Pode ser até mais", admitiu o superintendente da área de operações indiretas do banco, Claudio Bernardo Guimaraes de Moraes. "Nunca desembolsamos tanto [para o Finame]", afirmou. Para ele, pode estar em curso um novo ciclo de investimentos, mas economistas são céticos quanto à sustentabilidade desse cenário.

A estimativa para o Finame este ano é uma das mais favoráveis anunciadas pelo banco. No início do mês, o diretor financeiro do BNDES, Maurício Borges Lemos, projetou cifra de R$ 100 bilhões para financiamentos totais de máquinas e equipamentos pelo banco em 2013 - 30% acima de 2012. Esse valor incluiria, além de Finame, créditos ligados à exportação e infraestrutura.

"Esse crescimento [do Finame] é puxado por caminhões e máquinas agrícolas", disse Moraes. "Na parte agrícola, estamos em pico máximo. A estimativa é chegar em [desembolsos de] R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões em 2013", disse, citando fatores como a supersafra de grãos prevista para este ano. Em 2012, as liberações agrícolas atingiram R$ 8,9 bilhões.

O superintendente lembra também que o segmento de caminhões teve avanço forte até maio, mas deve-se considerar a base pequena, já que em 2012 os financiamentos enfraqueceram devido à queda na procura por esses veículos, que ficaram mais caros após a troca de motores para o padrão Euro 5, promovida por nova legislação ambiental.

O bom momento do setor agrícola já foi percebido nos negócios da Agrale, fabricante de tratores. Para o diretor de vendas da empresa, Flavio Crosa, o mercado do setor está pujante e deve continuar assim em 2014, mesmo que haja aumento gradual dos juros das linhas de financiamento do BNDES. Segundo ele, o ano de 2013 será o mais positivo para a venda de tratores desde 2010, com mais de 56 mil unidades vendidas.

O tom otimista quanto ao futuro da indústria de máquinas agrícolas não deve ser estendido a toda a indústria de bens de capital, na análise do assessor econômico da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mario Bernardini. "Os desembolsos do BNDES sobem porque estão com juros favoráveis" resumiu. Para ele, as empresas estão aproveitando as taxas mais baixas do PSI enquanto podem, pois o programa vai até dezembro. Para ele, o cenário atual não é sustentável.

Na análise do superintendente do BNDES, porém, os números do banco podem indicar mudanças no cenário econômico, pois o setor de máquinas e de equipamentos representa 60% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - sendo o restante, construção civil.

Essa possibilidade é vista com reservas pelo presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, Cláudio Frischtak. Na sua avaliação, a retomada está centrada mais em investimento no processo de produção, e não em ampliação de capacidade. "A confiança quanto à trajetória futura da economia continua baixa. E os investimentos não são independentes disso", disse Frischtak.

Já o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, observou que os sinais até o momento não são suficientes para indicar claramente uma retomada sustentável de investimentos. "O investimento é feito fundamentalmente em função da demanda esperada", resumiu, acrescentando que, pelo menos até o momento, o consumo tem apresentado claros indícios de desaceleração.

Fonte: Canal do Produtor

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