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Camex discute possível retaliação aos EUA

A suspensão, pelos Estados Unidos, do pagamento da compensação mensal aos produtores brasileiros de algodão já ganhou dimensão dentro e fora do Brasil


Publicado em: 03/10/2013 às 19:20hs

Camex discute possível retaliação aos EUA

Em reunião marcada para hoje, os integrantes da Câmara de Comércio Exterior (Camex) podem recriar o grupo de trabalho de retaliação, com o objetivo de recalcular o valor e definir produtos para eventual retaliação do Brasil aos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, grandes empresas americanas estão alertando os membros do Congresso que a decisão do governo de Barack Obama pode levar à perda de exportações e de empregos pelo risco de retaliação brasileira.

A disputa começou devido à suspensão da compensação mensal que Washington se comprometeu a pagar aos produtores brasileiros de algodão, depois de perder disputa com o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre os subsídios concedidos aos cotonicultores americanos.

A criação do grupo de trabalho seria uma forma de mostrar que o Brasil pode levar adiante a disputa e ganhar tempo enquanto a "farm bill" - uma nova legislação agrícola - é discutida nos Estados Unidos, segundo fonte do Ministério da Agricultura. "Não sinto clima para retaliar a curto prazo. O momento agora é de recalcular a lista, aguardar um pouco as discussões nos Estados Unidos e decidir o que fazer", disse.

Uma coalizão de grandes empresas americanas enviou carta a todos os membros do Congresso dos EUA alertando que uma retaliação por parte do Brasil no caso do algodão poderá custar mais de US$ 2 bilhões em exportações e perda de 14 mil empregos americanos. O "Brazil Trade Action Coalition", conhecido pela sigla Braztac, inclui empresas que defendem uma solução definitiva para a disputa do algodão e não querem pagar o custo de retaliação por causa de subsídios aos cotonicultores. Entre elas, estão Boeing, Alcoa, Bank of America, Visa, Cargill, Caterpillar, Lilly, FedEx, IBM e Oracle.

Na carta, datada de 23 de setembro, quando os americanos já tinham reduzido em 60% a compensação acertada com o Brasil, a coalizão insiste que é hora de o Congresso aprovar uma nova lei agrícola, a "Farm Bill". Estima que a nova lei precisa incluir medidas específicas para atender às queixas do Brasil sobre subsídios que foram considerados ilegais, que Washington concede a seus produtores.

A Braztac apoiou o acordo entre EUA e Brasil, pelo qual os americanos pagavam compensação anual de US$ 147 milhoes aos cotonicultores brasileiros. A entidade estima que isso evitou US$ 2,5 bilhões em retaliações brasileiras contra produtos americanos e direitos de propriedade intelectual, durante os ultimos três anos.

A Camex também pode discutir hoje uma mudança na lista de exceção à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. A lista extra de cem produtos, que vigorou até 30 de setembro, perdeu validade. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Godinho, disse, na terça-feira, não saber se a questão estará na pauta da reunião de hoje.

Fonte: Canal do Produtor

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