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Azevêdo vê limites para debate cambial na OMC

As distorções cambiais, alvo da reclamação de muitos países nos últimos meses, não podem ser decididas em negociações dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC)


Publicado em: 21/06/2013 às 19:40hs

Azevêdo vê limites para debate cambial na OMC

Essa foi a visão defendida pelo diretor-geral eleito do órgão, o embaixador brasileiro Roberto Azevêdo, que também não classificou os movimentos de Estados Unidos e China como "guerra cambial", durante o evento "Novo momento no comércio mundial", promovido ontem pelo Valor. Azevêdo, que será empossado em 1º de setembro, defendeu o multilateralismo como arma dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento contra oscilações prejudiciais no cenário internacional e reconheceu que a OMC passa por um momento de paralisia.

Assimetria - Uma das principais questões na pauta dos países quando se discute comércio exterior, a assimetria cambial entre os países, não deve ser vista apenas da ótica das trocas entre as nações. O valor de uma moeda nacional é consequência de medidas tomadas nas áreas fiscal, monetária e tributária, por isso não é algo que possa sofrer qualquer tipo de controle por parte da OMC, segundo Azevêdo. "Desde que foi abandonado o padrão ouro, todos os embates foram acertados entre governos e não entre organismos internacionais", disse.

Oscilações - Azevêdo evitou chamar o programa de afrouxamento monetário ("quantitative easing") norte-americano e o controle cambial chinês de "guerra cambial", apesar de reconhecer que o preço da moeda afeta o comércio mundial. Para ele, a taxa de câmbio flutuante oscila dentro de certos limites, estabelecidos pela política econômica de cada governo. "Os movimentos de oscilação cambial hoje, muitas vezes, valem mais que a tarifa de importação na fronteira. O problema não é o patamar de apreciação ou depreciação, mas a velocidade da oscilação e a ausência de mecanismos para lidar com isso."

Importante - Mesmo sem entrar na discussão cambial, o diretor-geral eleito acredita que a OMC é importante para as políticas comerciais de países como o Brasil. Um órgão supranacional evita que países que "não têm cacife para mudar as regras do jogo da noite para o dia" sejam muito afetados por políticas de países desenvolvidos e possam ter mais voz na liberalização.

 Novo ânimo  - Para que essa visão se fortaleça, no entanto, a OMC precisa de "um novo ânimo". O brasileiro disse que a próxima reunião ministerial, que será realizada no fim do ano em Bali, carrega a possibilidade de "dar um passo modesto" em direção ao destravamento de acordos de livre comércio. "Genebra tem o hábito de ser pessimista."

 Paralisia  - Para Azevêdo, o sistema de negociações de liberalização comercial da OMC já foi "muito mais vibrante, ágil e relevante". Segundo ele, com a paralisia nas negociações nos últimos anos, "poucas pessoas hoje acompanham o que se faz no órgão, que está se desgarrando do mundo real." Azevêdo quer devolver a capacidade do órgão de ser relevante no sistema.

 Tendência  - A tendência de busca de acordos bilaterais por parte de países e blocos econômicos, como o que está sendo negociado entre Estados Unidos e União Europeia, não é visto como um problema. Azevêdo defende, contudo, que as negociações multilaterais avancem.

 Natural  - "Eles [acordos bilaterais] sempre aconteceram e é natural que aconteçam. Há o sistema multilateral que vai de forma lenta. Os plurilaterais vão mais rápidos porque envolvem número limitado de países e objetivos semelhantes e os acordos bilaterais vão avançando. Que o bilateral caminhe não é problema, o problema é o multilateral paralisado", disse ele.

Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA DA OCEPAR/SESCOOP-PR

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