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Audiência pública reúne cafeicultures para discutir sobre Fecafe

Audiência Pública debate benefícios para o cafeicultor


Publicado em: 08/05/2012 às 13:10hs

Audiência pública reúne cafeicultures para discutir sobre Fecafe

“Política de café quem faz é o Brasil. E isso nos traz a responsabilidade social de ajudar a combater a fome mundial. O Governo precisa agir a favor do produtor. Não podemos esperar que os cafeicultores trabalhem sem receber, isso é trabalho escravo. Se Minas fosse uma país seria o maior produtor de café do mundo e isso precisa ser levado em conta”. Com essa declaração o deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PSC) encerrou os trabalhos da audiência pública para debater o Fundo Estadual do Café (Fecafe) e o Programa de Opções de Comercialização do Café em Minas Gerais e no Brasil.

O encontro aconteceu quinta-feira (26/04), no Salão Nobre da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), e contou com a presença dos deputados que integram a Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial, da qual Arantes é presidente, produtores rurais de várias cidades do Estado, além de representantes de órgãos municipais, estaduais e federais ligados ao setor.

Arantes agradeceu a mobilização realizada pela Cooparaíso que organizou a vinda de vários produtores da região em ônibus para participarem da audiência pública. “Graças ao empenho do secretário Carlos Melles e de todos da Cooparaíso, a reunião foi muito produtiva com expressiva representação dos cafeicultores que tiveram a oportunidade de expor seus problemas e ouvir o Governo”, disse o deputado.

O produtor rural Gilson José Ximenes Abreu defendeu o café como um produto social. “A cafeicultura fez e continua fazendo o Brasil. Contudo, o cafeicultor não tem confiança no negócio. Ninguém sabe o que é um aperto financeiro para o produtor. Estamos há 10 em aperto, na miséria e sem benefícios do governo. Em tempos de colheita, um colhedor de café ganha em media R$ 2.500 por mês. Influenciamos a economia e, se o produtor perde, o Brasil também perde. Mostramos condições ao Governo de Minas e ele tem cumprido os compromissos firmados. Agora, precisamos sensibilizar a presidente Dilma também”.

No mesmo caminho, o diretor presidente da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas Ltda (Cocatrel), Francisco Miranda de Figueiredo Filho, comparou a oscilação da Bolsa em Nova Iorque e seus reflexos que causam a insegurança no produtor como um jogo de pôquer. “Nós, sozinhos, não vamos conseguir estabilizar os preços. Por isso, o governo precisa sinalizar os preços lá fora e nos dar um amparo. Precisamos receber um olhar menos critico, pois produzimos renda e não é só o produtor que tem que pagar o prejuízo. É preciso uma ação dos deputados para requerer vistorias nas gôndolas, pois um café que é vendido por menos de R$ 9 é impuro e precisa ser mandado para análise”, ponderou o presidente da Cocatrel.

Em contrapartida, o diretor do Departamento do Café do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), Edilson Alcântara, que participou como representante do secretário executivo, José Carlos Vaz, afirmou que a resposta não deve vir só do Governo, pois precisa haver um posicionamento do produtor. “Em principio precisamos analisar a questão da viabilidade sobre o ponto de vista legal e de mercado. Para que o governo possa fazer qualquer tipo de promoção ou opção de venda para que o produtor compre, existe uma base legal que tem que estar vinculada ao preço mínimo do café. O que estabelece a política de preço mínimo está relacionado à Política Agrícola e eu acho que adotar políticas de intervenção no mercado não é o caminho. O grande desafio do Brasil é não derrubar os preços. O que precisamos é dar instrumentos para o produtor se posicionar e não ficar apenas especulando o mercado”, argumentou Edílson. O representante do MAPA ficou extremamente sensibilizado com a realidade difícil enfrentada pelos cafeicultores e prometeu avançar nas medidas.

Danilo Fernandes, que é presidente da Copervit, de Nova Resende, com 300 famílias de pequenos cafeicultores filiadas, considerou absurda a declaração de Alcântara, do Ministério da Agricultura, ao considerá-los especuladores, sendo que grande parte dos produtores sequer sabe ler. “O que eles precisam é de ajuda e informação para saber o que suas atitudes podem causar no mercado”, afirmou o presidente da Copervit.

“Não é possível deixar tudo a cargo do produtor, pois a questão de gestão do produto é uma prática impossível de ser feita só por ele, já que o preço é só a ponta do iceberg. É necessário trabalhar o custo. O Fecafe precisa trazer benefícios, para não virar apenas mais um fundo”, disse o professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Luiz Gonzaga de Castro Junior.

De acordo com o presidente da Cooparaíso, Carlos Melles, o produtor é vitima nessa situação. “Nessa política é impossível bater metas de sacas, pois quem paga para produzir é o mesmo que paga os prejuízos do mercado. O governo não esta ‘nem aí’. Não tem vontade política para fazer. É preciso um programa de opções urgentes. Café e leite são sagrados e têm que ter política social”, afirmou Melles.

Em resposta às críticas, o representante do Ministério da Agricultura disse que todas as medidas que sejam de consenso do setor cafeeiro vão ser honradas pelo ministro Mendes Ribeiro. “Isso é um compromisso. Então, é claro que se a gente tomar alguma outra medida e chegar nesses termos terá que ter programa de opção. Estamos financiando a opção, mesmo que seja para criar uma subvenção, tudo é possível. Agora, enquanto tentamos ajudar o produtor ele precisa saber controlar o fator de mercado. Se ele guardar esse café, essas 11 milhões de sacas que significam 1/3 da produção arábica até janeiro, o produtor, os preços e o mercado vão sair ganhando, já que os compradores lá fora estão esperando que toda essa produção seja colocada no mercado agora. A gente está lá cumprindo as coisas que estão sendo acordadas e fazendo acontecer. Agora, não da para fazer mágica”, concluiu Edilson.

O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas, Elmiro Nascimento, disse que o Fecafe será capaz de aumentar a qualidade do café. “Minas é o celeiro da produção de café. Vamos disponibilizar R$ 4 milhões para o georreferenciamento para ter a noção exata do potencial do café mineiro, sempre com base nos pilares da sustentabilidade, qualidade e produtividade, afinal, fazemos o melhor café do mundo”, sustentou o Elmiro.

Arantes se mostrou satisfeito com a audiência e ponderou que ao longo da tramitação do projeto do Governo de Minas, o Fecafé, na Assembleia, serão consideradas as contribuições dos produtores. “Agradeço a presença, o empenho e a colaboração de todos e nos colocamos à disposição para continuar esse trabalho em prol de produção e da valorização do café e do cafeicultor de Minas”, finalizou o parlamentar.

Fonte: Assessoria de Imprensa Dep. Carlos Arantes

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