Publicado em: 17/10/2024 às 11:05hs
A primeira edição da Cúpula Sul-Americana AgroGlobal, organizada pelo Instituto Pensar Agropecuária (IPA), ocorreu na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) nesta terça-feira (15). O evento reuniu importantes lideranças do setor agropecuário e parlamentares de países como Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, com o objetivo de discutir temas fundamentais como o combate ao protecionismo europeu, o desenvolvimento sustentável e a inovação tecnológica no agronegócio.
O presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), enfatizou a relevância do encontro para fortalecer a colaboração entre os países sul-americanos. “Estamos aqui para unir esforços em prol do desenvolvimento do nosso continente, buscando o protagonismo da América do Sul na produção agropecuária mundial, especialmente na segurança alimentar global”, destacou Lupion.
Durante a cúpula, o desenvolvimento sustentável no agronegócio foi um dos tópicos centrais, com ênfase na apresentação de práticas inovadoras que visam enfrentar os desafios ambientais e garantir a sustentabilidade da produção. O plantio direto, uma técnica agrícola revolucionária, foi particularmente ressaltado.
Santiago Guazzelli, representante da Associação Argentina de Produtores de Plantio Direto, evidenciou o impacto positivo dessa técnica no combate às mudanças climáticas e na promoção de uma agricultura sustentável. “O plantio direto, que elimina a necessidade de aragem do solo e preserva sua cobertura vegetal, é considerado uma revolução agrícola sustentável”, afirmou Guazzelli, ressaltando que essa prática não apenas aumentou a produtividade, mas também reduziu a erosão em 25% e aumentou a estabilidade da produção em 13% em comparação com métodos tradicionais.
Os benefícios do plantio direto vão além da produtividade, pois promovem uma significativa redução no uso de insumos. Guazzelli explicou que essa técnica diminui em 60% a utilização de combustíveis fósseis e reduz em 50% o impacto ambiental associado ao uso de defensivos agrícolas, contribuindo para a preservação da biodiversidade. “Ademais, o plantio direto economiza 50% na aplicação de fertilizantes sintéticos, grandes emissores de gases de efeito estufa”, completou.
Considerado uma ferramenta eficaz no combate às mudanças climáticas, o plantio direto duplica a capacidade do solo de captura de carbono. Essa prática não apenas ajuda na remoção de dióxido de carbono da atmosfera, mas também reduz em 40% as emissões de CO2 provenientes da agricultura. Tal abordagem é essencial para transformar a produção agropecuária em um setor mais produtivo e menos poluente, alcançando uma triplicação na eficiência energética ao produzir mais grãos por quilo de CO2 equivalente emitido. “Em um cenário de intensas discussões sobre mudanças climáticas, o plantio direto se apresenta como uma solução integrada que alia tecnologia e sustentabilidade”, declarou Guazzelli.
Outro aspecto destacado durante a AgroGlobal foi a união dos países sul-americanos para enfrentar as barreiras protecionistas impostas pela União Europeia. O deputado Pedro Lupion defendeu a formação de um bloco agropecuário coeso, ressaltando que “o Brasil e seus vizinhos devem demonstrar que sua produção é ambiental e socialmente responsável”. A cooperação entre as nações é vista como vital para fortalecer a posição da América do Sul no cenário global, especialmente no contexto do acordo Mercosul-União Europeia.
Sonia Tomassone, da Câmara Paraguaia de Exportadores e Comercializadores de Cereais e Oleaginosas (CAPECO), enfatizou a necessidade de união entre os países da região para enfrentar os desafios impostos pela Europa. “A União Europeia quer nos dizer o que fazer. Precisamos defender nosso sistema produtivo de forma firme e trabalhar em conjunto. É imprescindível que comuniquemos nossa realidade. Enfrentaremos grandes problemas no futuro se não nos unirmos. Somos parte da solução, não do problema”, afirmou Sonia.
Gabriel Delgado, representante do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) no Brasil, abordou as implicações das novas legislações europeias no setor de celulose, no qual o Brasil se destaca como um grande exportador. “Estamos enfrentando dificuldades para nos adaptar às regras dos países mais fortes. No setor de commodities, lidamos com questões como a regra do desmatamento. Temos uma tradição de 30 anos neste segmento e somos um exemplo de como é possível crescer preservando o meio ambiente”, destacou.
Delgado também comentou as dificuldades nas negociações com a União Europeia. “Em março, estivemos em Bruxelas para discutir com a Comissão Europeia e o Parlamento sobre o pedido de adiamento da aplicação da lei de desmatamento. Se essa lei for aplicada sem alterações, a Europa enfrentará escassez de produtos essenciais, uma vez que o Brasil é o maior exportador de celulose do mundo. A tentativa da Europa de legislar para o mundo inteiro é uma incongruência que não podemos aceitar”, concluiu.
Nilson Leitão, presidente da IPA, reiterou que a união entre os países sul-americanos é crucial para enfrentar os desafios impostos pelo mercado europeu. “Juntos, temos mais força para negociar com a União Europeia e superar as barreiras que limitam nosso acesso ao mercado internacional”, finalizou.
Fonte: Portal do Agronegócio
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