Com apenas um ano de produtividade, a chácara Sertão Veredas, localizada no núcleo rural de São Sebastião, a aproximadamente 35 quilômetros do centro de Brasília (DF), recebeu, nesta quarta-feira (20), representantes de países latino-americanos para que pudessem conhecer a produção orgânica de hortaliças, o manejo sustentável da água e o apoio da assistência técnica à produção local. A visita faz parte do IV Encontro Anual da Rede Latino-Americana de Serviços de Extensão Rural (Relaser), promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

A agricultora Carmelinda Oliveira Rocha, 56 anos, produz com a família tomate-cereja, quiabo, batata, couve, entre outros alimentos, em quatro hectares de terra. A produção da chácara tem destino certo: parte é comercializada pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo Federal, enquanto a outra é vendida diretamente aos consumidores nas feiras da região. Para chegar a esse ponto, Carmem, como gosta de ser chamada, contou com o apoio de técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

“Começamos a produzir para o próprio consumo. Mas depois que fui ao escritório da Emater e recebi apoio para o início da produção nós conseguimos crescer. A gente nem pensava que conseguiríamos ter lucro com uma produção assim tão rápido. Então, foi por meio desse apoio do Governo e desses órgãos parceiros que a gente a renda aumentou. O que ganhamos, investimos de volta na produção. Compramos sementes, material para a irrigação”, afirma.

A família também teve acesso ao financiamento do Mais Alimentos – linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) – para aquisição de um veículo. “Nossa meta é ampliar ainda mais a produção. E isso ainda não é possível, porque levamos os alimentos até a feira de ônibus. Agora estou aprendendo a dirigir para levar esses produtos de carro. Isso vai facilitar muito a comercialização”, conta.

A produção orgânica da família é certificada pela Organização de Controle Social (OCS), apoiado em legislação, do Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento (Mapa). Segundo o extensionista Luiz Ueno, a certificação facilita a comercialização dos produtos orgânicos. “Pela OCS o produtor pode comercializar diretamente seus produtos em feiras livres da região”, observa.

Na visita à propriedade, estiveram presentes representantes da Bolívia, Chile, Paraguai, entre outros. O coordenador de Inovação e Sustentabilidade de Assistência Técnica e Extensão Rural, do MDA, Hur Ben, ressalta que o encontro entre esses países é uma oportunidade de se trocar experiências. “No Brasil temos uma série de políticas para a agricultura familiar que os outros países não têm. As dificuldades que esses países enfrentam são muito semelhantes. Um debate assim, ajuda muito na percepção sobre como melhorar aquilo que já estamos fazendo e a criar coisas novas”, explica ao atentar que esses países podem vir a adotar ou utilizar algumas  experiências brasileiras em suas regiões.

Saiba mais

Qualificar os serviços de assistência técnica na América Latina e promover sua articulação com a pesquisa são os principais desafios dos países que participam do IV Encontro Anual da Rede Latino-Americana de Serviços de Extensão Rural (Relaser). A reunião, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que vai até a próxima quinta-feira (21), em Brasília (DF), conta com representações de instituições públicas e privadas, profissionais da Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária e agricultores de 16 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.