Publicado em: 15/05/2025 às 10:45hs
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Plano Safra 2025/26 será o mais desafiador dos últimos anos, principalmente devido ao atual cenário econômico do país. A disparada da taxa Selic, que pode alcançar 15% antes de julho, é um dos principais entraves para a formulação da política agrícola da próxima temporada.
Apesar do provável aumento dos juros, Fávaro reforçou que o governo pretende oferecer condições diferenciadas de financiamento aos médios produtores, especialmente para o cultivo de alimentos que compõem a cesta básica. O objetivo é incentivar o plantio de itens como arroz, feijão, mandioca, batata e frutas, e, assim, contribuir para o controle da inflação.
Diante das restrições orçamentárias, o ministro busca soluções para viabilizar um Plano Safra mais robusto sem pressionar os cofres do Tesouro Nacional. Entre as propostas, está o aumento da destinação de recursos provenientes das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) ao crédito rural — atualmente fixado em 50%. A ideia é ampliar essa margem com aval do Banco Central.
Outra estratégia mencionada por Fávaro é a ampliação das linhas de crédito dolarizadas, que foram utilizadas para financiar aproximadamente R$ 8 bilhões em máquinas via BNDES. O ministro destacou que o uso de recursos em moeda estrangeira, com juros internacionais mais baixos e sem custo ao Tesouro, deve ser priorizado para os grandes produtores voltados à exportação.
Durante missão a Angola, Fávaro ressaltou que os planos anteriores foram recordes em volume de recursos e impacto, graças à queda no custo de produção. Segundo ele, o governo conta com o apoio político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e respaldo técnico do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para anunciar um Plano Safra que ajude no crescimento econômico.
O ministro também reconheceu que será difícil repetir o aumento de R$ 3,6 bilhões obtido para a equalização de juros na safra 2024/25, que contou com R$ 16,7 bilhões ao todo — sendo R$ 6,3 bilhões para agricultura empresarial e R$ 10,4 bilhões para agricultura familiar. Para o próximo ciclo, o setor produtivo solicitou R$ 25 bilhões, valor que ainda não tem garantia de liberação.
Segundo Fávaro, a prioridade será dada ao Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), nos moldes do crédito subsidiado que já beneficia pequenos produtores. O estímulo à produção de alimentos básicos visa contribuir com a estabilidade econômica e, indiretamente, melhorar a popularidade do governo, abalada pela alta nos preços dos alimentos.
Durante participação no Congresso da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), o secretário de Política Agrícola, Guilherme Campos, confirmou que o aumento de juros é inevitável. Ele destacou que o setor está mais cauteloso com novos investimentos e que os bancos enfrentam dificuldades após um ano marcado por várias recuperações judiciais. Segundo Campos, será necessário reequilibrar as linhas de crédito para garantir a continuidade dos financiamentos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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