Publicado em: 27/05/2025 às 19:00hs
O Estado do Paraná, especialmente a região Noroeste, se consolidou como referência nacional no combate ao greening (HLB), uma das doenças mais devastadoras da citricultura. Nesta semana, fiscais agropecuários de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul estão no estado para conhecer de perto as ações integradas entre o setor público e privado que têm mostrado resultados expressivos no controle da doença.
A programação teve início nesta terça-feira (27), em Paranavaí — maior produtor de laranja do Paraná — com visitas a pomares comerciais e à indústria de sucos Prat's, parceira ativa no enfrentamento ao greening. Também está prevista uma visita ao IDR-Paraná, em Londrina, para que os fiscais conheçam pesquisas voltadas ao controle biológico da doença.
Em 2023, Paranavaí produziu 184 mil toneladas de laranja em 4,6 mil hectares, resultando em um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 189,1 milhões, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral).
Desde o início do combate intensificado ao greening, o Paraná já erradicou mais de 1 milhão de plantas contaminadas ou com risco de contaminação, tanto em áreas urbanas como em propriedades comerciais e não comerciais. A ação visa proteger a cadeia produtiva de citros, que inclui culturas como laranja, limão e tangerina.
“A única forma de controlar essa doença é com a participação de todos. No Paraná, o Governo do Estado, prefeituras, indústrias, cooperativas e produtores estão unindo forças para tornar o combate mais efetivo”, destacou a coordenadora do programa de Citricultura da Adapar, Caroline Garbuio. Ela ressaltou ainda que a visita dos técnicos dos estados do Sul pode marcar o início de uma atuação conjunta entre os três estados.
Santa Catarina enfrenta focos de greening desde 2022, especialmente no Extremo Oeste. Em 2024, o estado monitora 140 pontos como forma de prevenção. Segundo a gestora da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Cidasc, Fabiana Alexandre Branco, a citricultura é essencial para a agricultura familiar catarinense.
“Manter o greening sob controle é garantir a permanência dessas famílias na citricultura. Queremos replicar as ações que a Adapar desenvolve com os municípios, como erradicação, educação sanitária, conscientização e proibição de mudas clandestinas”, afirmou.
O Rio Grande do Sul ainda não registra casos da doença, mas está cercado por áreas afetadas, como Uruguai, Argentina e Santa Catarina. O estado possui 34 mil hectares de citros, cultivados principalmente por pequenos produtores.
“Se o greening entrar, o impacto será não apenas econômico, mas também social, pois muitas cidades vivem basicamente da citricultura”, alertou Alonso Duarte de Andrade, chefe do Departamento de Defesa Vegetal do estado. Ele considera essencial a troca de experiências entre os três estados do Sul. “Não há fronteiras para pragas. Toda a cadeia deve estar alinhada, da produção à logística”, afirmou.
O greening foi identificado pela primeira vez no Paraná em 2006, mas foi a partir de 2022 que o enfrentamento ganhou força. Um dos marcos foi a publicação do Decreto 4.502/2023, que declara estado de emergência fitossanitária e autoriza a Adapar a erradicar plantas hospedeiras sem manejo e aplicar sanções a proprietários que descumprirem as normas.
Além disso, o estado criou a Câmara Técnica de Citricultura, com participação de entidades públicas e privadas, e organizou três edições da operação BIG Citros, que uniram fiscalização, erradicação de plantas e ações educativas em municípios como Paranavaí, Umuarama, Maringá, Londrina e Cornélio Procópio.
Causado pela bactéria Candidatus Liberibacter spp e transmitido pelo inseto Diaphorina citri, o greening compromete a saúde das plantas cítricas, provocando a queda precoce dos frutos, deformações, redução de açúcares, aumento da acidez e morte das árvores. A doença torna os frutos impróprios para consumo e afeta a indústria de processamento.
No Brasil, atualmente a erradicação obrigatória se aplica a pomares com até oito anos, mas o Ministério da Agricultura e Pecuária avalia mudanças para ampliar a exigência a todas as idades das plantas.
A citricultura é o principal segmento da fruticultura no Paraná, terceiro maior produtor de citros do Brasil. Em 2023, segundo o Deral, o estado cultivou 29,3 mil hectares de laranja, tangerina e limão. A produção totalizou 860,9 mil toneladas, sendo:
O secretário da Agricultura de Paranavaí, Tarcísio Barbosa de Souza, destacou o esforço conjunto: “Temos uma equipe técnica excelente, produtores conscientes e municípios engajados. Já estamos mudando a realidade do Paraná e queremos estender essa transformação ao Sul e a todo o Brasil”.
Fonte: Portal do Agronegócio
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