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O atraso em estoque

Quase 12 meses após o governo anunciar que liberaria R$ 25 bilhões até 2018 em financiamentos para a construção de armazéns no Brasil, as perdas na comercialização de grãos continuam a atormentar produtores Rurais


Publicado em: 04/06/2014 às 19:10hs

O atraso em estoque

Quase 12 meses após o governo anunciar que liberaria R$ 25 bilhões até 2018 em financiamentos para a construção de armazéns no Brasil, as perdas na comercialização de grãos continuam a atormentar produtores Rurais. As maiores reclamações do setor são de que as licenças ambientais necessárias para liberar os recursos demoram meses para ser expedidas. pesquisa da Macrologística indica que os agricultores deixam de faturar R$ 20 bilhões por ano com o deficit de estocagem.

O presidente da Macrologística, Renato Pavan, explicou que três fatores implicam perda de receita para os agricultores. O primeiro é que a qualidade do grão, que deveria ter umidade entre 15% e 18%, despenca quando não há armazéns. Assim, o produtor recebe menos. O segundo é que até 10% da safra se perde nas Rodovias e ferrovias. "Ainda temos problemas para o embarque nos portos, com congestionamentos nas estradas", acrescentou.

De acordo com a Fundação das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o ideal é que os países tenham capacidade para armazenar 120% da produção. No Brasil, o deficit é de, pelo menos, 45 milhões de toneladas. E somente 15% da safra, que deve chegar a 191 milhões de toneladas neste ano, pode ser estocada nas propriedades Rurais.

Burocracia

Andrea Hollmann, executiva de divisão de Armazenagem da Casp, empresa fabricante de silos, reclamou que a liberação dos financiamentos é complicada e que as exigências legais para a emissão de certidões ambientais variam entre estados e municípios. "Nossos clientes têm um valor considerável de recursos parado nos bancos, e isso atrasa a viabilidade dos projetos", reclamou.

Na opinião do diretor vice-presidente e de Relações com Investidores da Kepler Weber, Olivier Colas, o programa de financiamento para armazenagem é positivo. Segundo ele, a iniciativa possibilitou à indústria de silos se expandir 40% em 2013. "Devemos crescer mais 25% este ano, mas poderíamos ter entregue maior volume de projetos se os clientes estivessem em dia com as licenças ambientais."

Conforme o Ministério da Agricultura, R$ 3,7 bilhões dos R$ 5 bilhões disponíveis no Plano safra 2013/2014 para a construção de armazéns foram liberados até abril. O restante estará disponível até o fim do mês. A pasta não soube informar quanto aumentará a estocagem por conta desses financiamentos.

Para o diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, Clenio Severio Teribele, os resultados do programa são positivos. Entretanto, comentou que, como a expedição de licenças compete aos estados e municípios, existem disparidades na concessão das certidões. "Temos mais de R$ 2 bilhões em propostas no banco. Em alguns casos, liberamos financiamentos em 30 dias. Mas existem pedidos parados há mais tempo. É um programa novo e todos estão aprendendo como funciona."

 

Fonte: Correio Braziliense

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