Publicado em: 01/08/2025 às 11:40hs
A partir desta quinta-feira (1º), o Brasil começa a produzir uma nova formulação de gasolina, com 30% de etanol anidro — um aumento em relação aos 27,5% anteriores. A medida foi determinada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e marca o início da chamada "gasolina E30".
O governo federal estima que o preço do litro do combustível nos postos possa cair até R$ 0,11 nas próximas semanas, conforme a nova mistura for distribuída. No entanto, os postos ainda devem receber, nos primeiros dias de agosto, os estoques produzidos em julho, que contêm 27% de etanol. Por isso, a gasolina E30 deve chegar efetivamente às bombas de forma gradual.
Com o novo teor de etanol, a gasolina comum também terá um leve aumento na octanagem, passando de 93 para 94 RON — índice que mede a resistência à detonação. Isso tende a melhorar o desempenho dos motores, especialmente dos veículos com tecnologia flex, que podem se ajustar eletronicamente à nova composição.
A gasolina premium, como Podium e V-Power Racing, segue com 25% de etanol anidro e octanagem de 95 RON.
A decisão de elevar o percentual de etanol foi baseada em estudos realizados por um grupo técnico da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do Ministério de Minas e Energia (MME), e de centros de pesquisa. Os testes foram liderados pelo Instituto Mauá de Tecnologia, com participação da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo).
Especialistas apontam que veículos flex podem registrar um pequeno aumento no consumo de combustível. Isso ocorre porque o etanol tem menor poder calorífico do que a gasolina — ou seja, fornece menos energia por litro.
Ainda assim, a nova octanagem pode compensar esse fator. "Elevar a octanagem da gasolina comum de 93 para 94 RON será positivo para os carros flex, que possuem sistemas eletrônicos capazes de se ajustar para tirar melhor proveito do combustível", explica Rogério Gonçalves, diretor de combustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).
Segundo Clayton Barcelos, pesquisador do Instituto Mauá, o ganho em potência pode chegar a 1% ou 2% com o uso do etanol, graças ao ajuste automático da taxa de compressão em motores modernos.
Apesar da segurança da nova mistura para veículos modernos, donos de carros antigos devem estar atentos. O maior teor de etanol pode acelerar a corrosão de componentes metálicos, principalmente porque o etanol presente nos postos contém água.
"Para veículos mais antigos, o ideal é evitar a nova gasolina e optar pela versão premium, com menor teor de etanol e maior estabilidade", orienta Gonçalves. No entanto, essa alternativa é mais cara.
O governo destaca dois principais motivos para a adoção da gasolina E30:
A estimativa é de que a nova formulação evite a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano, ao mesmo tempo em que aumentará em 1,5 bilhão de litros a produção nacional de etanol. Com isso, o governo prevê investimentos de R$ 9 bilhões no setor de biocombustíveis.
A adoção da gasolina E30 faz parte de um plano mais amplo previsto na Lei do Combustível do Futuro (Lei nº 14.993/2024), que permite elevar o percentual de etanol na gasolina para até 35%, desde que haja comprovação técnica de viabilidade.
Segundo comunicado oficial, novas análises devem ser realizadas para avaliar os impactos da futura gasolina E35, que poderá ser implementada nos próximos anos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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