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Lideranças avaliam previsão da safra 2012/13

A divulgação da primeira previsão de safra do café para 2012, feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vem gerando discussões de lideranças do setor


Publicado em: 25/01/2012 às 12:00hs

Lideranças avaliam previsão da safra 2012/13

Alguns concordam e festejam a “safra recorde”, outros dizem que os fundamentos do mercado estão alicerçados em diversos outros aspectos e que não podem ser influenciados pela previsão, portanto,  notícia não influencia o negócio café.

A previsão da Conab indica que o País deverá colher entre 48,97 milhões e 52,27 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado, o que corresponde a 50,61 milhões de sacas no ponto médio. Segundo levantamento da Conab, divulgado em 10 de janeiro passado, confirmando o resultado, esta será a maior safra já produzida no País, superando o volume de 48,48 milhões sacas colhidas na safra 2002/03.

Entre aqueles que concordam e comemoram a previsão de que o Brasil terá uma safra recorde está o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, alegando que esse número reflete que o produtor brasileiro tem investido em tratos culturais. “Isso é resultado dos investimentos brasileiros em pesquisas e tecnologia e dos melhores tratos culturais aplicados pelos produtores de café, os quais vêm aproveitando esse cenário de melhores preços após uma década de prejuízos”, explica.

O presidente do CNC já havia estimado, em dezembro, uma safra de 52 milhões de sacas de café. “Devemos colher entre 50 milhões e 52 milhões de sacas no ano que vem. Será uma boa safra, mas menor do que esperada inicialmente”, acrescenta.

O presidente da Cooxupé, Carlos Paulino, disse que na área de atuação da cooperativa, entre as lavouras do cerrado e do Sul de Minas, deve acontecer uma quebra de safra de 6% a 10% em relação à safra anterior. “Eu acho que um órgão do governo, como é o caso da Conab, possui técnicos e ferramentas para fazer um levantamento preciso, por isso, eu acredito nos números divulgados, apesar de constatar que onde a Cooxupé atua, essa não será realidade”, diz.

Carlos Paulino explicou que o café conilon, com 15 milhões de sacas, deve realmente ter um safra bem maior, porém não será o mesmo que vai acontecer com o arábica, com 36 milhões de sacas, principalmente no sul de Minas.

Na opinião do presidente da Cooxupé “o mercado já assimilou esses números de previsão e tem sido influenciado mais pela crise econômica mundial, do que pela expectativa de safra”.

E Carlos Paulino também alerta: “Não vai sobrar café. Acredito que a safra que teremos vai ser a conta”, finaliza.

Para Francisco Ourique, da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaiso). Para ele “o mercado já superou a discussão sobre o tamanho da safra. O certo é discutir como estabelecer diretrizes com o governo, para explicar e tirar proveito das circunstâncias internacionais, que vêm do desequilíbrio de alguns países chaves e do sistema de crédito internacional, que vai afetar a vitalidade de importantes empresas torrefadoras e importadores de café”, relacionou ele.

Franciso Ourique diz que as lideranças do setor cafeeiro devem estar mais preocupadas agora é em “construir um plano de safra e definir estratégias e metas de médio prazo. Quanto mais cedo melhor se o governo federal conseguir colocar uma massa importante de crédito para fazer frente à falta de crédito do outro do lado do mundo, dos importadores. A situação vai obrigar o Brasil a ter um encargo de como atravessar a comercialização da safra e quanto mais cedo isso for feito, melhor. A produção recorde brasileira vem ao encontro de números também recordes de consumo mundial”, disse.

O presidente executivo da Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtores de Café e Leite (Sincal), Armando Matielli,  não concorda com o números divulgados pela Conab. “Com base na pós florada, feita em novembro de 2011, a classe produtora tinha uma ideia de que aconteceria uma grande safra. Porém, em dezembro do ano passado, janeiro deste ano, a opinião da classe agronômica e cafeicultores, é a de que a safra não será maior que em 2011”, compara ele.

Armando Matielli conta que “a Sincal já tinha alertado para os índices pluviométricos de 2010, que apresentaram média inferior à média histórica. Em 2011, de maio a setembro, época  determinante para o bom pegamento dos frutos nas principais regiões cafeeiras, choveu entre 40 a 70 milímetros, nesses cinco meses”.

Ele explica que isso foi insuficiente. “O volume pluviométrico, já amplamente divulgado través de pesquisas do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que mostra média de produção de 30 anos, diz que o café necessita de 200 milímetros de chuvas nesse período”, relata Matielli.

O presidente da Sincal critica os números da Conab, dizendo que “essa previsão atende aos anseios do setor comercial, mas na realidade a maioria dos cafeicultores não concorda com essa previsão.

Silas Brasileiro, por exemplo, argumentou que a safra deveria mesmo ficar entre 48 e 52 milhões de sacas, compatibilizando com a expectativa que a Companhia divulgou, mas nós da Sincal discordamos, pois julgamos que Silas baseia seus números na cafeicultura do Triângulo Mineiro, de onde é oriundo, que é uma cafeicultura irrigada, mecanizada e altamente tecnificada, o que contrasta radicalmente da cafeicultura das regiões serranas, que correspondem a 72% do parque cafeeiro, principalmente do Sul de Minas, Zona Mata Mineira, Espírito Santo e boa parte da Mogiana, no Estado de São Paulo”, explica Armando Matielli.

Fonte: Coffee Break

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