Publicado em: 11/12/2025 às 11:55hs
O Congresso Nacional aprovou, no início de dezembro, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, estabelecendo a primeira meta de superávit primário desde 2016, fixada em R$ 34,26 bilhões, o equivalente a 0,25% do PIB. A margem de tolerância prevista é de 0,25 ponto percentual para mais ou para menos.
Segundo o relatório do RaboResearch (Rabobank), embora a aprovação sinalize um esforço de ajuste fiscal, detalhes do texto mostram fragilidades e flexibilizações que podem comprometer a meta.
De acordo com o Rabobank, o texto aprovado autoriza despesas significativas fora da meta fiscal, o que amplia a necessidade de cautela. Entre os principais pontos estão:
Com essas exceções, o Rabobank calcula que, caso todos os gastos fossem incluídos na meta, o resultado seria um déficit de R$ 43,7 bilhões, equivalente a -0,32% do PIB, fora da banda de tolerância.
A proposta também prevê o salário mínimo de R$ 1.631 em 2026, representando um ganho real de 2,5% em relação a 2025.
Outra medida em estudo é a elevação de alíquotas de importação, com o objetivo de aumentar a arrecadação em cerca de R$ 14 bilhões, de acordo com informações do jornal Valor Econômico.
O Rabobank observa que essas ações indicam um cenário fiscal mais expansionista do que o inicialmente esperado, em meio ao ano eleitoral, o que pode dificultar a consolidação das contas públicas no médio prazo.
O relatório também ressalta que o ambiente político segue conturbado, com tensões entre o Executivo, o Congresso e o Judiciário.
O atraso na indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a liminar do ministro Gilmar Mendes que restringe pedidos de impeachment contra membros da Corte foram destacados como fatores que aumentam a fricção entre os poderes.
Além disso, o cenário eleitoral ganhou destaque após o anúncio de Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência em 2026, movimento que, segundo o Rabobank, gerou reação negativa nos mercados, com desvalorização do real frente ao dólar.
Para o banco holandês, o Brasil entra em 2026 com desafios fiscais e políticos entrelaçados. Embora o arcabouço fiscal estabeleça limites de gastos, a pressão por aumento de despesas e a falta de clareza nas contas públicas podem comprometer a credibilidade do ajuste.
A expectativa é que a votação do Orçamento de 2026 seja acompanhada de perto pelos investidores, principalmente quanto ao corte linear de 0,8% nas despesas não obrigatórias do Executivo, que deve liberar R$ 1,9 bilhão para o pagamento de emendas parlamentares.
Fonte: Portal do Agronegócio
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