A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) foi palco da 1ª Cúpula Sul-Americana AgroGlobal, realizada nesta terça-feira (15) e organizada pelo Instituto Pensar Agropecuária (IPA). O evento contou com a presença de parlamentares, ex-ministros e autoridades de diversos países da América do Sul, debatendo temas de relevância para o futuro do setor agropecuário, como o acordo com a União Europeia e o fortalecimento da cooperação entre os países da região.

Para o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, a realização de um encontro entre os países sul-americanos, embora parecesse improvável, se mostrou essencial para enfrentar as narrativas que frequentemente atacam o agronegócio. "É fundamental afinar nossos discursos e unir esforços diante de problemas comuns. Essa cooperação nos permite combater as narrativas que distorcem a realidade do setor", afirmou Lupion.

O parlamentar destacou que, apesar de o Brasil possuir uma das legislações mais restritivas do mundo em termos ambientais, o país ainda enfrenta críticas sobre a forma como conduz sua produção agropecuária. "Nossa responsabilidade é enorme: representamos quase um terço do PIB e 30% dos empregos. Mesmo cumprindo nossas obrigações rigorosamente, enfrentamos narrativas adversas de nossos concorrentes. O peso da nossa contribuição global é indiscutível", enfatizou.

Lupion também mencionou os desafios políticos e ideológicos que dificultam o desenvolvimento do setor e ressaltou o papel da FPA em defender as conquistas do agronegócio e os interesses dos produtores rurais brasileiros. "Nós não alcançamos resultados positivos por acaso. Trabalhamos com diálogo e buscamos entendimento. Somos 354 parlamentares comprometidos com a entrega de resultados para o produtor, que é a razão de nossa existência", afirmou, acrescentando que o atual governo tenta, sem sucesso, superar a bancada no Congresso, recorrendo ao Judiciário.

Nilson Leitão, presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), destacou que o evento foi uma resposta à solicitação do ex-ministro Roberto Rodrigues, que pediu uma demonstração do sucesso da FPA. Segundo Leitão, a união dos parlamentares em prol do setor agropecuário foi determinante para o crescimento do Brasil. "O Legislativo é o principal poder para impulsionar as transformações de uma nação, e o setor produtivo é o motor dessas conquistas", afirmou.

O encontro também visou fortalecer a integração entre os países da América do Sul no que se refere ao avanço do agronegócio, com a necessidade de garantir o progresso em diferentes segmentos do setor produtivo. "Precisamos avançar de forma integrada, mesmo com diferentes idiomas, mas com o mesmo propósito de unificar a América do Sul em torno do agro", afirmou Leitão.

A senadora e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também participou do evento e reforçou a importância de os países sul-americanos assumirem uma posição de liderança nas questões ambientais. "Este evento é uma oportunidade para dar início a um movimento significativo no campo da agropecuária, que é a grande vocação dos nossos países", disse, destacando a importância da troca de experiências entre os Congressos da região.

O senador Zequinha Marinho, vice-presidente da FPA no Senado, também abordou o tema da sustentabilidade, questionando as imposições da União Europeia sobre o Brasil. "Isso é puro protecionismo. Este evento é uma oportunidade para nos entendermos e enfrentarmos essas questões de maneira unida", afirmou Marinho.

Daniel Carrara, diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), ressaltou que a FPA tem sido fundamental para garantir a sustentabilidade econômica e social do agronegócio. "A bancada é nossa trincheira de batalha e o motor do desenvolvimento do setor", afirmou.

União de Líderes Sul-Americanos

Autoridades de outros países sul-americanos também participaram da cúpula. Alfredo de Angeli, senador argentino, enfatizou a necessidade de cooperação entre os países do Mercosul. "Temos uma irmandade e precisamos trabalhar juntos para o sucesso de todo o continente", afirmou.

Santiago Bertoni, ex-ministro da Agricultura e Pecuária do Paraguai, elogiou a iniciativa e destacou que o setor agropecuário é o motor das economias sul-americanas. "Estamos à frente de importantes acordos para proteger o meio ambiente, e podemos nos orgulhar de ter assumido essa responsabilidade antes que ela fosse imposta globalmente", disse Bertoni.

Atílio Benedetti, deputado argentino, ressaltou os desafios decorrentes do crescimento da população urbana e a necessidade de garantir a segurança alimentar. "Nossa união é parte da solução, e nossa responsabilidade é avançar com a tecnologia e conhecimento que possuímos", afirmou.

No encerramento do evento, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues discutiu o panorama do setor agropecuário sul-americano, alertando para as consequências da erosão do multilateralismo global. "O agronegócio está no centro de quatro questões fundamentais: segurança alimentar, segurança energética, mudanças climáticas e desigualdade social. Precisamos agir para enfrentar esses desafios", concluiu Rodrigues.

A cúpula também contou com a participação de David Hughes, ex-presidente da Argentrigo, que chamou a atenção para o impacto das imposições europeias sobre o agro sul-americano. "Nossa união é essencial para impedir que acordos prejudiciais avancem", disse Hughes.

Alceu Moreira, em seu discurso final, destacou a importância de transformar as discussões em ações concretas. "Este evento não pode ser apenas um prelúdio. Precisamos de uma agenda clara e de um fórum permanente para garantir o avanço das decisões aqui tomadas", afirmou Moreira.