Publicado em: 25/10/2018 às 18:20hs
Se eleito, como indicam as pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL) vai ter de arrefecer seu discurso radical.
Facilmente aceito pela maioria da população brasileira neste momento, ele será um grande empecilho nas negociações externas.
O grande afetado nesse contexto será o agronegócio, que poderá perder bilhões de reais nas negociações externas.
Se o candidato ignorar políticas comerciais e dividir os países para negociações comerciais conforme as cores das bandeiras, provocará um retrocesso do país no exterior.
Pesam contra Bolsonaro declarações favoráveis à mudança da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém — uma afronta aos países árabes.
Além disso, o candidato criticou a presença de empresas chinesas no Brasil, principalmente na área de energia. Os chineses também não ficaram confortáveis com a visita dele a Taiwan neste ano.
Qualquer afronta brasileira e uma eventual retaliação do país asiático trariam grande prejuízo para o agronegócio.
Até setembro, os chineses importaram o correspondente a US$ 24,5 bilhões do Brasil (R$ 90 bilhões, com base no dólar a R$ 3,69), 37% da exportação total de alimentos.
Outras áreas sensíveis são Oriente Médio e Irã, onde países de maioria muçulmana não aceitariam a mudança da embaixada.
Neste ano, as exportações brasileiras de alimentos para os árabes somam US$ 8,1 bilhões, 12% do total exportado pelo Brasil. Cereais, carnes e açúcar encabeçam a lista desses produtos.
O Irã, outro importante parceiro comercial, já comprou 4,7 milhões de toneladas de milho do Brasil até setembro, gastando US$ 3,5 bilhões.
Não dá para o país imaginar que, por ser um grande produtor de alimentos, jamais será deixado de lado em alguma disputa política ou econômica.
O país perdeu a preferência dos europeus pelo frango. O bloco se voltou para a Tailândia. Os russos, que levavam 40% da carne suína brasileira, fecharam as portas ao produto brasileiro no ano passado e não voltaram mais.
Até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao impor barreiras industriais a alguns países e criar uma guerra comercial, viu o fluxo de produtos agropecuários minguar para alguns importantes mercados.
O resultado foi que, para aliviar um pouco a situação dos produtores americanos, destinou subsídios no valor de US$ 12 bilhões para o setor. Desse valor, US$ 4,7 bilhões já foram distribuídos. O Brasil teria condições de fazer isso?
A menor participação dos americanos no setor externo poderá elevar os estoques finais de soja da safra 2018/19 dos Estados Unidos para 24 milhões de toneladas. Na safra 2016/17, eram 8,2 milhões. Na 2017/18, 11,9 milhões.
Fonte: Folha de S.Paulo
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