Publicado em: 01/09/2025 às 16:30hs
A Bioenergética Vale do Paracatu (Bevap), usina de cana-de-açúcar em Minas Gerais, captou R$ 21 milhões na primeira rodada de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). A iniciativa surge em um momento de juros altos e dificuldade de acesso ao crédito no setor agrícola.
Os recursos serão usados para financiar o plantio e a manutenção das lavouras dos fornecedores com contratos ativos com a usina, com pagamentos vinculados à entrega futura da cana-de-açúcar.
O FIDC foi estruturado pela Datagro Financial, braço financeiro da Datagro Consultoria, em parceria com a Milenio Capital. Diferentemente de modelos tradicionais, neste caso os produtores rurais são os tomadores diretos do crédito, com base nos contratos de fornecimento validados pela usina, sem precisar de intermediação financeira de terceiros.
Para Carolina Troster, sócia da Datagro Financial, a iniciativa garante acesso a capital de longo prazo e fortalece a cadeia produtiva sem comprometer a capacidade de investimento da Bevap.
O CFO da usina, Marcos Paulo Carvalho, destacou que o modelo oferece previsibilidade operacional e contribui para o crescimento da empresa:
“Essa estrutura reforça nosso relacionamento com os fornecedores e nos permite focar na expansão estratégica da usina”, afirmou.
O fundo também traz inovação na forma de pagamento, que é atrelada à produção da cana. Os recursos são liberados conforme a entrega da matéria-prima, oferecendo aos produtores crédito de longo prazo em condições mais compatíveis com o ciclo agrícola.
“O modelo facilita o acesso ao crédito e ajusta os prazos de pagamento à realidade do setor agroindustrial”, acrescentou o CFO.
No primeiro semestre de 2025, as emissões de FIDC no Brasil totalizaram R$ 40,7 bilhões, aumento de 9% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Em junho de 2025, a S&P Global Ratings elevou o rating da Bevap para brBBB+, com perspectiva positiva. A melhoria reflete a sólida geração de caixa operacional e a captação de cerca de R$ 300 milhões entre dezembro de 2024 e março de 2025, que permitiu alongar os prazos de vencimento da dívida.
A agência projeta que a produção da usina deve aumentar 10% na safra 2025/26, atingindo 3,3 milhões de toneladas, próxima à capacidade máxima de 3,5 milhões de toneladas. Como os canaviais são 100% irrigados, o risco de perda por seca é baixo.
Para a safra 2025/26, a estimativa é de que o Brasil produza 663,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, segundo projeções do setor agrícola.
Fonte: Portal do Agronegócio
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