Publicado em: 18/08/2025 às 13:00hs
O Responsible Commodities Facility (RCF) concluiu sua quarta rodada de captação, garantindo US$ 60 milhões para financiar a produção de soja no Cerrado brasileiro durante a safra 2025/26. A iniciativa, viabilizada por uma estrutura inovadora de blended finance (finanças combinadas), fortalece a produção agrícola sustentável e atrai novos parceiros internacionais.
O programa RCF Cerrado é sustentado por Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) emitidos pela Opea, listados na Bolsa de Viena e na B3. Os CRAs Senior receberam rating “brAA (sf)” da S&P Global — equivalente a B+ na escala global — e foram certificados segundo os Green Bond Principles e Green Loan Principles, conforme parecer técnico da consultoria ERM-NINT.
A operação contou com a coordenação da Sustainable Investment Management (SIM), em parceria com a Opea Securitizadora e a Traive, especializada em crédito agrícola. O escritório Pinheiro Neto Associados atuou na assessoria jurídica.
Entre os principais financiadores do RCF estão as redes britânicas Tesco, Sainsbury’s e Waitrose, o Rabobank e o fundo AGRI3. Nesta nova rodada, ingressaram o programa Mobilising Finance for Forests (MFF) — gerido pelo banco de desenvolvimento holandês FMO e financiado pelos governos do Reino Unido e da Holanda — e o IDB Invest.
O investimento deve contemplar cerca de 280 propriedades rurais, com previsão de 240 mil toneladas de soja certificada como livre de desmatamento. Além disso, serão preservados 90 mil hectares de vegetação nativa, sendo 29 mil hectares acima do exigido por lei, o que representa 22 milhões de toneladas de carbono que deixarão de ser emitidas.
Criado em 2022 com aporte inicial de supermercados britânicos, o RCF vem expandindo sua atuação e deve ultrapassar US$ 200 milhões em recursos na safra 2026/27. Os financiamentos são destinados a produtores que se comprometem a não desmatar áreas nativas e a preservar vegetação excedente ao mínimo legal, contribuindo para combater as mudanças climáticas e proteger a biodiversidade.
Com a COP 30 em Belém no horizonte, o Cerrado ganha relevância internacional por sua biodiversidade e vulnerabilidade à conversão ilegal para agricultura. O programa RCF atua oferecendo crédito a agricultores que adotam o desmatamento zero, inclusive renunciando ao direito legal de converter vegetação nativa em áreas agrícolas.
Mauricio de Moura Costa, fundador e COO da SIM:
“O RCF cresceu com solidez graças a uma estrutura bem planejada. Com o apoio do Rabobank, conseguimos diversificar a carteira, reduzir riscos e ampliar nossa capacidade de financiamento.”
Renato Barros Frascino, Head de Agronegócio da Opea:
“O aumento do interesse de investidores estrangeiros no agronegócio sustentável reforça o papel dos CRAs como ponte para o capital internacional.”
Huib-Jan de Ruijter, Co-CIO do FMO:
“O vínculo entre financiamento e compromisso real de desmatamento zero é uma estratégia eficaz para proteger ecossistemas valiosos.”
Mário Ferreira, Head de Wholesale do Rabobank Brasil:
“O RCF prova que produtividade e preservação podem caminhar juntas. É um modelo de agricultura que respeita o planeta e valoriza o produtor responsável.”
A governança ambiental do programa é conduzida por um conselho consultivo com especialistas de instituições como The Nature Conservancy, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Conservation International, Proforest, IPAM, BVRio, entre outros.
O RCF Cerrado também complementa iniciativas como o UK Soy Manifesto, a Forest Positive Coalition e integra a Innovative Finance for the Amazon, Cerrado and Chaco (IFACC), coordenada pelo UNEP FI, TNC e Tropical Forest Alliance.
Fonte: Portal do Agronegócio
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