Publicado em: 02/09/2025 às 08:00hs
A recuperação de terras degradadas está se consolidando como uma alternativa estratégica para o agronegócio brasileiro crescer sem expandir novas fronteiras agrícolas. Um estudo do Itaú BBA aponta que o país possui cerca de 28 milhões de hectares de pastagens improdutivas, com potencial para conversão em lavouras de alta produtividade, especialmente em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Pará.
A transformação dessas áreas poderia gerar até R$ 904 bilhões em valorização fundiária e aumentar a produção nacional de grãos em até 52%, sem necessidade de desmatamento, combinando retorno financeiro, impacto ambiental positivo e segurança alimentar.
Nesse cenário, a Arara Seed, plataforma de equity crowdfunding especializada no agro, anuncia o desenvolvimento de uma nova vertical voltada para a restauração de áreas degradadas. A iniciativa pretende, por meio de investimento coletivo, financiar startups e projetos de regeneração do solo.
“O Brasil já dispõe de tecnologias capazes de transformar áreas improdutivas em sistemas agrícolas de alta performance, com rastreabilidade, retorno financeiro e impacto positivo”, afirma Henrique Galvani, CEO da Arara Seed.
Apesar do potencial, a conversão das pastagens degradadas demanda investimentos entre R$ 188 bilhões e R$ 482 bilhões, segundo o Itaú BBA, dependendo do grau de degradação e infraestrutura disponível. Estudos da Embrapa indicam que 57% das pastagens no país apresentam algum nível de degradação, mas mais da metade ainda pode ser recuperada com tecnologias existentes.
O acesso ao crédito é, entretanto, um obstáculo. Muitos produtores de médio porte enfrentam dificuldade em obter linhas de financiamento compatíveis com o ciclo de retorno, que geralmente exige de 3 a 5 safras para atingir produtividade plena.
De acordo com a Climate Policy Initiative (CPI) Brasil, publicado em 2023, menos de 2% dos recursos financeiros privados e públicos voltados a ações climáticas são destinados à agricultura regenerativa. Além disso, levantamento do MAPA no Plano ABC+ indica que, em 2022, apenas R$ 3,5 bilhões foram direcionados para tecnologias de recuperação de pastagens via crédito rural, valor muito aquém da demanda.
Para superar esse gargalo, instrumentos como investimento coletivo, CRA verde, CPR verde, blended finance e fundos de impacto surgem como alternativas viáveis. Plataformas como a Arara Seed permitem que investidores individuais participem da transformação de terras degradadas em ativos agrícolas de alto valor e baixo carbono.
“Com o mercado global cada vez mais atento à origem e impacto ambiental dos alimentos, recuperar terras degradadas é uma das estratégias mais inteligentes para o futuro do agro e para o planeta”, conclui Henrique Galvani.
Fonte: Portal do Agronegócio
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