Publicado em: 11/12/2025 às 15:30hs
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), José Zeferino Pedrozo, destacou em artigo recente que a agricultura brasileira vive um momento crítico e decisivo, marcado por uma combinação de fatores que expõem a vulnerabilidade estrutural do setor.
Segundo Pedrozo, o campo enfrenta um cenário em que qualquer instabilidade — seja climática, cambial, de mercado ou política — se transforma rapidamente em risco. O resultado é um ambiente de apreensão crescente entre os produtores rurais, de todos os portes.
O número recorde de agricultores que recorrem à recuperação judicial (RJ) é, segundo ele, um dos sinais mais claros de que há um problema sistêmico em curso.
Pedrozo aponta que, em todas as cadeias produtivas, os custos de produção dispararam, com insumos dolarizados, energia, sementes e mão de obra mais caros. As margens de lucro estão comprimidas, inviabilizando muitos negócios e levando diversas atividades a operarem no vermelho.
Além disso, o aumento da taxa Selic elevou o custo do crédito e das dívidas, ampliando o endividamento rural e reduzindo a capacidade de investimento dos produtores.
A escassez de recursos para o crédito rural é hoje um dos principais entraves para a continuidade da produção, alerta Pedrozo. Segundo ele, as linhas de custeio e investimento, que deveriam garantir estabilidade e planejamento, chegam atrasadas, em volume insuficiente — ou simplesmente não chegam.
“Essa é uma questão que exige resposta imediata do Governo Federal. A falta de crédito ameaça paralisar o campo e colocar em risco a segurança alimentar do país”, ressalta.
O dirigente adverte que a falta de crédito tende a gerar uma reação em cadeia: menor produção, safras menores, redução da oferta e aumento dos preços ao consumidor. Ele lembra que o Brasil já passou por momentos semelhantes no passado, com impactos diretos na inflação.
“Repetir esse erro agora seria imperdoável”, afirmou Pedrozo, alertando que o desequilíbrio financeiro do setor pode ter efeitos severos sobre toda a economia nacional.
De acordo com dados mencionados no artigo, os pedidos de recuperação judicial somaram 2.273 apenas em 2024, representando um aumento de 62% em relação ao ano anterior, e a tendência de alta continua em 2025.
Pedrozo reconhece que a RJ é um instrumento legítimo, mas reforça que não pode se tornar regra. “Quando milhares de produtores recorrem à recuperação judicial, o que está em crise não é apenas a capacidade de pagamento — é a política agrícola do País”, enfatiza.
“O crédito rural não é um privilégio, é uma necessidade”, afirma Pedrozo
O presidente da Faesc ressalta que os extremos climáticos, a volatilidade das commodities, a retração do crédito e a instabilidade econômica formaram uma “tempestade perfeita” para o agronegócio.
Ele defende que ampliar o volume de recursos subsidiados para o crédito rural é uma questão de Estado, e não de escolha política.
“O crédito rural não é um favor nem um privilégio: é uma política pública essencial que sustenta a produção, o abastecimento e a estabilidade econômica. Sem ele, não há agricultura forte, não há interior vivo, não há futuro”, reforça Pedrozo.
Encerrando seu alerta, José Zeferino Pedrozo faz um apelo para que o governo federal reaja antes que a crise se torne irreversível.
“O campo pede socorro — e ignorar esse pedido é comprometer não apenas o presente da produção, mas o futuro de toda a nação”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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