Crédito Rural

Demanda por crédito do BNDES deve recuar

Com expectativa de elevação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), a tendência é que a demanda das empresas por recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) diminua em 2015


Publicado em: 13/01/2015 às 12:40hs

Demanda por crédito do BNDES deve recuar

Essa redução pode ocorrer em todos os setores da economia e modalidades de financiamento, afirmam especialistas ouvidos pelo DCI.

De acordo com dados do BNDES, o volume dos recursos liberados pelo banco no ano passado deve se manter estável em relação a 2013.

De janeiro a novembro de 2014, foram desembolsados 162,3 bilhões e, segundo o BNDES, com o resultado de dezembro, a liberação do ano pode chegar aos R$ 190 bilhões, valor semelhante ao registrado em 2013.

O setor de infraestrutura permaneceu em destaque, atingindo R$ 58,1 bilhões até novembro, o equivalente a uma alta de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. As aprovações para o segmento também cresceram, em 21%, atingindo R$ 66,4 bilhões em 11 meses.

Até novembro de 2014, a liberação de recursos do BNDES à indústria somou R$ 44,6 bilhões, uma queda de 10%, na comparação com o mesmo período de 2013.

Na agropecuária, houve também uma redução em 10%, e o setor totalizou financiamentos em R$ 14,9 bilhões, até novembro do ano passado. Já os aportes ao comércio e aos serviços cresceram em 2% e foram repassados a esses setores cerca de R$ 44,7 bilhões.

Redução

O professor de economia das Faculdades Integradas Rio Branco, Rogério Buccelli, avalia que as empresas devem reduzir, neste ano, a procura por recursos do BNDES, devido ao aumento da TJLP, de 5% para 5,5% ao ano, que torna maior o custo de financiamento.

"Com a expectativa de aumento da taxa de juros [Selic], a tendência é que a TJLP suba ainda mais em 2015. Pois o governo precisa diminuir o gap [espaço] entre essas duas taxas para reduzir o valor da sua dívida pública", explica Buccelli.

"Com a elevação da TJLP, o custo da captação de recursos vai ficar mais caro para as empresas. A demanda por crédito, portanto, tende a diminuir em todos os setores e modalidades de financiamento, como o Cartão BNDES, Finame [Financiamento de máquinas e equipamentos], entre outros", complementa.

Apesar disso, o professor da Rio Branco observa que a participação, no Produto Interno Bruto (PIB) do País, dos recursos transferidos pelo Tesouro Nacional ao BNDES aumentou em quatro anos, passando de 0,15%, em 2010, para 0,38%, em 2014. "Isso mostra que o Tesouro considera importante subsidiar as atividades do BNDES. No entanto, essa participação vai diminuir em 2015".

Para Buccelli, é preciso esperar a nomeação do novo presidente do BNDES para traçar análises mais precisas sobre como deve ser a liberação de recursos pelo banco. No entanto, ressalta que a instituição deve se alinhar com a política de ajuste fiscal do Ministério da Fazenda. Além disso, lembra que o banco anunciou também redução da sua participação nos financiamentos.

Pela regra vigente até o ano passado, o BNDES podia financiar até 90% do plano de investimento de uma empresa, sendo de iguais 90% a parcela do empréstimo corrigida pela TJPL. Com a nova regra, o limite de financiamento, por parte do banco, caiu para 70%.

Inovação

No fim de 2014, o BNDES divulgou, em nota, que a área de inovação será uma das prioridades em sua política de desembolsos. O professor de administração da Universidade Anhembi Morumbi, Marcello Gonella, considera importante essa modalidade, pois permite uma "reestruturação na política de financiamento do BNDES", voltada, ainda, às grandes empresas nacionais.

Para ele, subsídio à inovação abre portas para o fomento de startups, empresas do setor de serviços, além das pequenas e micro empresas, que movimentam grande parte da economia do País.