Publicado em: 10/12/2024 às 19:20hs
O desembolso de crédito rural no âmbito do Plano Safra 2024/25 registrou uma queda de quase 24% nos primeiros cinco meses da temporada, quando comparado ao mesmo período do ciclo anterior. Entre julho e novembro de 2024, os produtores rurais receberam R$ 176,2 bilhões em financiamentos, valor significativamente inferior aos R$ 231,1 bilhões registrados no mesmo intervalo do ano passado.
Esse recuo abrangeu todas as modalidades de crédito, com destaque para as operações de comercialização e industrialização, que sofreram uma queda de quase 50% em relação ao período anterior. Os dados foram extraídos do sistema do Banco Central em 5 de dezembro e compilados pelo Valor Econômico. Vale destacar que o valor mencionado corresponde ao crédito efetivamente desembolsado, podendo sofrer alterações conforme novas liberações de operações contratadas.
A diminuição nas concessões de crédito rural é especialmente notável entre os grandes produtores. O montante de recursos disponibilizados para esse segmento caiu de R$ 165 bilhões, entre julho e novembro de 2023, para R$ 106,6 bilhões no mesmo período da safra 2024/25. Esse movimento reflete uma tendência observada também nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que, em 2023, foram a principal fonte de financiamento, com desembolsos superiores a R$ 92,2 bilhões. No entanto, esse montante caiu para R$ 38,5 bilhões no ciclo atual, refletindo a redução do crédito disponível para os grandes produtores, que são os principais beneficiários dessa modalidade, caracterizada por juros livres.
Por outro lado, os agricultores familiares, que acessam o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), mantiveram um ritmo de financiamento estável, totalizando quase R$ 32 bilhões no período analisado. Já os médios produtores foram a única categoria a registrar crescimento, com financiamentos subindo de R$ 33,3 bilhões, entre julho e novembro de 2023, para R$ 37,8 bilhões no ciclo atual.
Além da redução no volume de recursos, o número de contratos de financiamento também apresentou queda, passando de 1,1 milhão para 950 mil no mesmo período. Apesar dessa diminuição, os dados evidenciam a necessidade urgente de estratégias que reforcem o acesso ao crédito no setor agropecuário, garantindo a continuidade da produção rural, como destacou o economista Cláudio Brisolara, da Federação da Agricultura e Pecuária de São Paulo (Faesp).
Em um cenário em que o crédito rural oficial está em retração, as operações privadas, por meio das Cédulas de Produto Rural (CPRs), têm mostrado um aumento. Até outubro deste ano, o estoque dessas cédulas alcançou R$ 446,3 bilhões, representando um crescimento de 55% em relação ao mesmo mês de 2023.
Fonte: Portal do Agronegócio
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