Crédito Rural

Crédito deve ter menor alta desde 2003

O crédito total que os brasilei­ros usam para comprar carro, casa e outros bens, além de fi­nanciamentos no cartão de crédito, no cheque especial e do crédito para uso pessoal, deve registrar neste ano a me­nor taxa de expansão desde 2003


Publicado em: 17/03/2014 às 18:30hs

Crédito deve ter menor alta desde 2003

A pisada no freio no rit­mo de oferta de financiamen­tos sinalizada pelos bancos pú­blicos, o encarecimento do cré­dito e o menor avanço na ren­da do trabalhador reforçam a perspectiva de desaceleração no volume de empréstimos.

Para 2014, o saldo da carteira de recursos destinados às com­pras das pessoas físicas, incluin­do recursos livres e direciona­dos, deve atingir R$ 1,4 trilhão, com crescimento de 7,8%, des­contada a inflação do período, nas contas da Tendências Con­sultoria Integrada. Se aprojeção se confirmar, este será o quarto ano consecutivo de desacelera­ção do ritmo de crescimento do crédito a pessoas físicas. Em 2013, aexpansão real foi de 9,8%, e em 2011 e 2012, de 11,4% e de 10,4%, respectivamente. Em pe­ríodos anteriores, o crescimen­to passava de 20% ao ano.

"Depois da festa do crédito ao consumidor, este será um ano de crescimento moderado", afir­ma a economista da consulto­ria, responsável pelas projeções, Mariana Oliveira. Ela atri­bui a desaceleração de dois pon­tos na taxa de crescimento do saldo da carteira total prevista paraeste ano basicamente à perda de ritmo dos financiamentos direcionados, principalmente da carteira imobiliária.

O saldo da carteira direciona­da, que cresceu 24,7% em ter­mos reais em 2013, deve se expan­dir 13,8% este ano. Para a carteira de recursos livres, que inclui veí­culos, crédito pessoal e cartão, a projeção é de uma pequena acele­Ração, 3,8%, depois de um avan­ço de apenas 1,6% em 2013, pro­vocado pelo tombo de 5,8% no saldo da carteira de veículos.

"Os bancos públicos preten­dem limitar o crédito imobiliá­rio, que deve ter uma desacele­Ração importante este ano", afir­ma Mariana. Em 2010, o saldo da carteira de crédito imobiliá­rio tinha crescido 47% em ter­mos reais; no ano passado, 26%. A projeção da consultoria para este ano é de 18%.

Para o economista da LCA Consultores Wermeson França, o mercado de crédito imobiliá­rio não terá mais a pujança dos últimos anos. Ele observa tam­bém que até mesmo o crédito consignado, aquele com descon­to na folha de pagamento, j á está saturado. "A concorrência é mui­to forte, não tem espaço para crescer e o spread está caindo."

Aperto. Um fator que tira o fô­lego da expansão do crédito é a altadosjuros, que reflete o aper­to monetário, provocado pela elevação dataxabásicadejuros, Selic - que sobe desde abril de 2013 e hoje está em 10,75% ao ano. Nos financiamentos imobi­liários, por exemplo, a taxa de juros já aumentou 0,6 ponto porcentual de dezembro para janeiro nas linhas reguladas e mais de um ponto porcentual no segmento de mercado. Os ju­ros médios das linhas de finan­ciamento com recursos livres, que atingiram 36% ao ano em 2013, devem subir para 39,6% ao ano em 2014, prevê Mariana.

Para o diretor da área de em­préstimos e financiamentos do Bradesco, José Ramos Rocha Neto, o aumento da Selic tem impacto muito pequeno nos ju­ros cobrados nas linhas de finan­ciamento direcionadas e, nas carteiras com recursos livres, ele diz que reflexo nas taxas ao consumidor é marginal.

O Bradesco projeta para este ano uma expansão nominal en­tre 11% e 15% no saldo dacarteira de financiamento à pessoa físi­ca. No ano passado, o saldo cres­ceu 11,2%, sem descontar a inflação. Na avaliação de Rocha Ne­to, tanto o comportamento dos bancos como do consumidor está mudando. "Aquele movimen­to de seis anos atrás, de o consu­midor emprestar o nome para obter crédito, diminuiu. Ele está mais consciente." E, hoje, os bancos, quando percebem que o cliente está endividado em li­nhas mais caras, como no che­que especial, procuram orientar a migração para as mais baratas.

IR. Essa também é a política do Banco do Brasil, segundo o dire­tor de empréstimos e financia­mentos, Edmar Casalatina. "O consumidor está consciente e buscando linhas mais baratas." Um exemplo é a procura cres­cente pela linha de antecipação do Imposto de Renda, que regis­trou nos dez primeiros dias do mês aumento de 25% em relação a igual período de 2013. "Os clientes procuram financiamen­tos que oneram menos o orçamento, como a de antecipação do Imposto de Renda, em que a taxa é de 1,69% ao mês", explica.

No ano passado, o saldo da carteira de crédito total de pes­soa física do BB cresceu 16,2%, sem descontar a inflação. Para este ano, Casalatina projeta uma expansão entre 12% e 16%.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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