Publicado em: 28/05/2025 às 08:00hs
A decisão do governo federal de suspender os subsídios nas linhas de crédito rural surpreendeu o setor agropecuário. O anúncio foi feito no dia 20 e já está em vigor, sem previsão de retorno. A medida afeta diretamente os produtores que dependiam do financiamento com taxas de juros reduzidas, que agora precisarão recorrer ao mercado privado, onde os custos são mais elevados.
O crédito subsidiado vinha sendo viabilizado pelo Plano Safra, principal ferramenta de financiamento do agro. Em 2024, o plano destinou R$ 400 bilhões ao setor — um aumento de 10% em relação à safra anterior. Esse modelo funcionava com o Tesouro Nacional cobrindo parte dos juros, o que facilitava o acesso ao crédito com taxas mais baixas para os produtores.
Contudo, com o cenário de juros elevados, os custos desses subsídios cresceram de forma significativa para o governo, motivando a suspensão da política.
Apesar do impacto imediato, Volnei Eyng, CEO da Multiplike, enxerga a mudança como uma oportunidade de modernização. Para ele, a medida impulsiona a economia para um modelo de livre mercado, forçando o sistema financeiro a se sofisticar e oferecer soluções mais competitivas para o agronegócio.
“Isso força a indústria financeira a evoluir e atender melhor o setor ao longo do tempo”, avalia Eyng.
Eyng também destaca que a decisão contribui para o equilíbrio fiscal do país, ao reduzir os gastos públicos. Segundo ele, os pequenos produtores continuam atendidos pelo Pronaf, enquanto os médios e grandes, que atuam com commodities como soja e milho, precisarão se adaptar à nova realidade.
“Eles não são apenas agricultores, são empresários rurais. E empresários de outros setores não contam com subsídios do governo”, ressalta.
No longo prazo, a suspensão dos subsídios pode aumentar a competitividade do agro brasileiro, hoje ainda dependente de incentivos públicos. Eyng compara com a agricultura europeia, que, apesar de fortemente subsidiada, não consegue competir globalmente.
Com a saída do governo da linha de frente do crédito rural, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) ganham protagonismo como alternativa para financiar o setor. Segundo o CEO da Multiplike, os FIDCs já vêm atuando no financiamento de indústrias de fertilizantes e distribuidoras, oferecendo prazos maiores aos produtores para aquisição de insumos.
Eyng afirma ainda que, com o avanço da regulamentação e da modernização do setor, os FIDCs terão papel central no novo cenário do crédito agrícola.
“A Multiplike planeja disponibilizar R$ 7 bilhões em crédito ao agronegócio ao longo de 2025”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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