Em proposta apresentada na última quinta-feira ao Governo Federal, os líderes da citricultura paulista pediram pela criação de uma linha especial de crédito para financiar a erradicação de pomares, para que possam migrar para outras culturas como milho e soja.

A medida serviria para diminuir o problema que os produtores enfrentam com a queda de preços, que vem pressionando os lucros do setor há três anos.

Os produtores vêm abandonando a citricultura nos últimos anos, ocasionando perdas de 80 mil hectares de produção em São Paulo, de acordo com Marco Antonio dos Santos, presidente da Câmara Setorial de Citricultura, vinculada ao Ministério da Agricultura. Arrendar as áreas para as usinas de cana-de-açúcar ou fazer parcerias com outros agricultores para iniciar o cultivo de grãos são algumas das soluções encontradas por eles para reverter a situação.

Outro problema enfrentado pela citricultura paulista vem sendo o excesso de oferta, mesmo com a retração de área. Com altos estoques nas indústrias, os preços da laranja se encontram pressionados.

Há dois anos, o governo concedeu um financiamento ao setor industrial para controlar a oferta. Os citricultores também discutiram junto ao governo a possibilidade da prorrogação de um ano para o pagamento do crédito e a liberação dos estoques. Segundo Santos, a maioria das indústrias já liquidaram o financiamento, e apenas 150 mil toneladas de suco restam como garantia na tomada do crédito.

A exemplo da desoneração dos produtos da cesta básica, os citricultores pedem também pela inclusão da laranja na política de preços mínimos (PGPM) para auxiliar os momentos de baixa rentabilidade com os mecanismos de apoio necessários. Eles ressaltaram que a continuidade dos leilões de Prêmio Equalizador pago ao Produtor (Pepro) também deve ocorrer, uma vez que na safra 2012/12 ele garantiu a concessão de subsídios na venda de 30 milhões de caixas de laranja, vendidas às indústrias por R$10,10/caixa.

De acordo com Santos, a situação da citricultura vai depender da demanda mundial, o que é uma incógnita, em decorrência da redução na safra no Brasil e nos Estados Unidos.