Publicado em: 20/03/2014 às 12:10hs
A iniciativa de capital anjo - segmento financeiro que investe em empresas iniciantes (startups) e inovadoras - alcançou o agronegócio brasileiro em busca de retorno no horizonte entre 6 meses e até 3 anos. "Entre as startups [empresas iniciantes] que passam por aceleradoras, a taxa de sucesso é de 80%, e nessas o retorno em 12 meses alcança até 80% do capital investido", diz o vice-presidente de negócios da associação de investidores anjo Angels Club, Junior Borneli.
O executivo contou que a associação - por meio de seus 150 investidores integrantes - já alcançou R$ 20 milhões investidos em 250 empresas listadas, sendo 200 startupsnos últimos doze meses em todos os segmentos de negócios: agronegócio, biotecnologia, automação e tecnologia. "Até o final de 2014, nossa expectativa é atingir R$ 50 milhões em recursos investidos e congregar cerca de 800 investidores no clube", apontou.
A associação possui convênios com universidades federais e estaduais do Sul de Minas Gerais e reúne investidores e empreendedores de cidades da região como Alfenas e Santa Rita do Sapucaí.
No segmento do agronegócio, o aporte dos investidores da Angels Club oscila entre R$ 100 mil e R$ 250 mil por negócio. No total geral, cada investidor disponibiliza entre R$ 300 mil e R$ 400 mil por ano para investimentos.
"Recebemos em torno de 10 solicitações por dia de investidores, e entre 45 a 50 consultas de empreendedores para apresentar seus projetos, e claro, há um processo [de seleção] e nem todos os investidores ou projetos são atendidos", explicou Borneli.
Diferentemente de fundos de investimentos de private equity ou venture capital (segmento financeiro com gestores que compram participações em empresas), no sistema de capital anjo cada investidor escolhe o projeto em que pretende aplicar seus recursos. "É um negócio de risco como qualquer outro de renda variável", diz. O vice-presidente explicou que as startups que passam por encubadoras onde recebem subsídios e a análise de produtos e serviços, a taxa de sucesso está em torno de 54%, enquanto nas startups espontâneas ou desenvolvidas em universidades a taxa de sucesso oscila entre 30% e 35% dos negócios. "No caso das startups formadas em universidades, a iniciativa pode não ter sucesso financeiro no curto prazo, mas o produto ou serviço desenvolvido pode ter sucesso entre 5 a 10 anos", diz Borneli, ao considerar o retorno científico ou em propostas inovadoras.
Entre as 15 empresas investidas ligadas ao agronegócio, ou que fornecem produtos e serviços os setores da agricultura e pecuária, o vice-presidente apresentou quatro casos de sucesso.
O primeiro exemplo reúne um clube de produtores rurais em torno da plataforma Agricultec. "Essa plataforma unificada faz o compartilhamento de maquinário e equipamentos para a agricultura e a pecuária. Os produtores podem compartilhar colheitadeiras, tratores e pagar apenas pelo aluguel, reduzindo os custos de produção", exemplificou.
Ele contou que nessa área também há sistemas informatizados para a cadeia de produtores de gado. "É possível saber o estoque para abate e o volume de gado a ser transportado", diz Borneli.
O segundo exemplo trata da iniciante Vita-Vitro, de Manaus, no Estado do Amazonas. "A startup desenvolveu o plantio de espécies raras nativas em laboratórios e as mudas são comercializadas para reflorestamento e a ornamentação de jardins", disse.
O terceiro caso de sucesso relatado é o da iniciante Geocorp. "Essa empresa auxilia produtores com estimativas sobre produtividade, área plantada e a disseminação de pragas por meio da análise de imagens de satélites. Essas informações são comercializadas aos produtores", contou.
Outra inovação é do software de sensores da startupSpin, cujo equipamento fica abaixo e acima do solo e produz dados sobre a análise da composição do solo e de informações climáticas. "O sensor avisa qual componente é necessário ao solo. Entre os resultados aumentou em 15% a produção de morangos", informou.
Fonte: DCI - Diário Comércio Indústria & Serviços
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