Publicado em: 03/12/2024 às 14:00hs
O agronegócio brasileiro, um pilar fundamental para a economia do país, representa uma parte significativa do PIB nacional e envolve uma ampla gama de atividades, desde o cultivo até a transformação industrial de alimentos. No entanto, a complexidade das jornadas de trabalho no setor rural está diretamente ligada às condições ambientais, à sazonalidade e aos picos de demanda, que frequentemente exigem jornadas prolongadas e, consequentemente, impactam as regulamentações trabalhistas específicas da área.
Embora a legislação trabalhista brasileira preveja jornadas de trabalho de até oito horas diárias e 44 horas semanais, os trabalhadores rurais frequentemente precisam extrapolar esses limites. "No setor rural, dada a habitual necessidade de realização de horas extras, existem previsões para jornadas diferenciadas, como os regimes de tempo parcial e o trabalho intermitente, que podem ser aplicados de acordo com a natureza das atividades desempenhadas", explica Lucas Brito, advogado do escritório Marcos Martins Advogados. Ele acrescenta que, ao adotar esses regimes, é possível manter a produtividade sem comprometer a saúde do trabalhador.
Além das longas jornadas, o setor rural enfrenta riscos específicos, como episódios de exaustão, lesões por esforço repetitivo, exposição prolongada ao sol e ao uso de agrotóxicos, além do manejo de máquinas agrícolas sem as devidas condições de segurança. Para mitigar esses problemas, programas de certificação e boas práticas agrícolas têm sido implementados, buscando garantir que as empresas se adequem às normas de segurança e promovam melhores condições de trabalho.
No contexto urbano, a flexibilização da jornada de trabalho já é uma prática consolidada em diversos setores, com a adoção de horários flexíveis, banco de horas e trabalho remoto, de acordo com as necessidades do negócio. Essa flexibilidade, observada como tendência crescente, pode também ser adaptada ao ambiente rural. Ferramentas digitais, como sistemas de ponto eletrônico e softwares de gestão, podem ser aplicadas no agronegócio para garantir o cumprimento das normas trabalhistas e facilitar a implementação de jornadas flexíveis.
De acordo com Lucas Brito, à medida que o agronegócio se moderniza, é fundamental que a regulamentação trabalhista se torne mais adaptável, a fim de garantir a competitividade do setor e a responsabilidade social. "A busca por melhores condições de trabalho, saúde e segurança no campo deve ser uma prioridade constante, e isso exige um esforço coordenado entre os envolvidos no setor", afirma. Ele destaca ainda que políticas públicas e programas de qualificação dos trabalhadores são essenciais para a transformação do setor, embora ainda seja necessário mais empenho por parte do governo, das empresas e da sociedade civil para assegurar um desenvolvimento sustentável e inclusivo para o agronegócio.
Fonte: Portal do Agronegócio
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