Publicado em: 13/08/2025 às 09:30hs
O produtor rural deve redobrar a atenção ao declarar o Imposto de Renda. Segundo o advogado especialista em tributação no agronegócio, Leonardo Amaral, despesas com motocicletas usadas no manejo da fazenda e a oferta de alimentação à equipe podem ser recusadas pelo Fisco. A Receita Federal tem considerado que esses gastos não são essenciais à atividade rural e, por isso, não seriam dedutíveis do imposto.
Essa interpretação foi recentemente confirmada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), que entende tais despesas como de natureza pessoal ou familiar, mesmo quando essenciais ao cotidiano do campo.
No dia a dia de uma propriedade rural, a motocicleta é uma ferramenta de trabalho indispensável. Em muitas fazendas, ela é usada para checar cercas, percorrer áreas extensas, aplicar medicamentos e transportar insumos. Ainda assim, para a Receita, a moto não é considerada um veículo utilitário como tratores ou caminhonetes.
Se o produtor não comprovar que o veículo é utilizado exclusivamente na atividade rural — sem uso pessoal ou urbano —, a dedução pode ser negada, gerando cobrança adicional de imposto.
Oferecer refeições aos trabalhadores é prática comum, especialmente em regiões afastadas onde não há restaurantes ou mercados próximos. Essa alimentação garante o bom desempenho da equipe, mas, mesmo sendo essencial, pode ser classificada pela Receita como despesa pessoal, fora do escopo dedutível no Imposto de Renda.
A recomendação dos especialistas é clara: organização e documentação são as melhores defesas do produtor. Veja algumas orientações:
De acordo com Leonardo Amaral, produtores que mantêm a contabilidade em ordem raramente enfrentam problemas graves em fiscalizações. “A prevenção é o melhor investimento”, afirma.
Mesmo com todos os cuidados, o produtor pode ser questionado pela Receita Federal. Nesses casos, é importante reunir provas de que os bens ou serviços foram usados exclusivamente na produção rural. A legislação permite deduções de despesas comuns e necessárias à atividade agropecuária.
Em muitas situações, a Justiça tem reconhecido a realidade do campo e revertido autuações indevidas. “Minha experiência mostra que, com assessoria adequada e documentação completa, é possível reverter multas injustas. A Justiça costuma ser mais sensível à rotina do produtor rural”, reforça Amaral.
O cerco às deduções rurais está mais rígido, e o risco de multas é alto — podendo chegar a 150% do imposto devido, além de juros. Por isso, a melhor estratégia é manter controle rigoroso de todas as despesas e comprovar que os bens são utilizados exclusivamente na fazenda.
Leonardo Amaral conclui com um alerta: “O produtor precisa estar tão bem informado sobre as obrigações fiscais quanto sobre a produção. Esse equilíbrio garante segurança jurídica, sustentabilidade e tranquilidade para o negócio rural.”
Fonte: Portal do Agronegócio
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