Agricultura Familiar

Projeto alerta para falta de assistência rural em Londrina (PR)

Os pequenos agricultores de Londrina abastecem os supermercados da região com carnes, hortifrútis e mel, mas sofrem com a falta de assistência técnica, o que afeta a produção e a regeneração de matas ciliares


Publicado em: 22/11/2013 às 15:20hs

Projeto alerta para falta de assistência rural em Londrina (PR)

A conclusão está na publicação "Projeto Londrina Verde – fase PDA", relatório lançado nesta quinta-feira (21.11), na cidade, que traça o perfil dos produtores de 218 propriedades rurais visitadas em dois anos.

A elaboração é da ONG Meio Ambiente Equilibrado (MAE). O coordenador do Londrina Verde, o biólogo Eduardo Panachão, afirma que o agricultor se sente abandonado, sem atendimento de políticas públicas, o que desestimula os filhos a continuar no campo. "Somos um município rural, mas a política londrinense se afastou demais do rural", diz. O Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) planeja expandir o atendimento e a Secretaria do Meio Ambiente de Londrina (Sema) admite a baixa atuação no campo (leia mais no box).

Ainda, Panachão conta que há pouca assistência para conter problemas ambientais, que afetam a produção, prejudicam os rios com assoreamento e impedem a regeneração das matas ciliares e de reservas legais. Nas propriedades avaliadas, foram encontradas apenas 49 espécies de árvores nativas da Mata Atlântica. Em quase a metade, não havia mais do que dez espécies diferentes de árvores nativas, o que indica baixa variedade biológica e alto grau de degradação.

Com o envelhecimento dos produtores e a queda da qualidade do solo, ele acredita que há risco de ocorrer redução no abastecimento de supermercados a longo prazo, o que encareceria o preço dos alimentos. "Eles produzem o alimento que vem direto para a nossa mesa."

Panachão afirma que o Londrina Verde é o único projeto que busca dar suporte ambiental aos produtores, o que é pouco. No caso da produção, o problema é o baixo índice de atendimento. "A Emater faz um trabalho interessantíssimo, mas apenas 20% dos agricultores da região foram atendidos por algum projeto de extensão."

A ONG MAE atua em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Promotoria do Meio Ambiente. Os recursos do projeto vieram do banco alemão KfW, em uma cooperação internacional intermediada pelo Ministério do Meio Ambiente por meio da linha Projetos Ambientais Demonstrativos (PDA).

Rei das hortaliças

O produtor rural José Grassi e a mulher, Ivone, abastecem oito supermercados de Londrina com hortaliças. Grassi sentiu a queda na produtividade nos últimos anos, mas diz que parte é pela redução nas vendas. "Para o agricultor, nunca dá para dizer que está bom. Mas estamos controlados, sem desespero", conta. Com propriedade na Usina Três Bocas, ele, que tem 55 anos, afirma que um dos filhos já deixou o campo. "Tenho um que trabalha comigo, por enquanto."

Sobre a assistência, Grassi diz que recebeu atendimento do Emater pela última vez há seis anos e que pretende tentar novo contato nos próximos meses. Desde então, fez análise de solo e recuperação de mata ciliar sozinho, até receber a visita da ONG MAE. "Eles me ajudaram a recuperar 30 metros na beira do rio. Antes eu tinha plantado 15 metros sozinho."

Fonte: Folha de Londrina

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