Agricultura Familiar

Juventude rural apresenta reivindicações à autoridades agrárias

Filhos de pequenos agricultores manifestam intensão de permanecer no campo e governo promove evento para ouvir reivindicações


Publicado em: 12/02/2014 às 10:10hs

Juventude rural apresenta reivindicações à autoridades agrárias

Seminário Juventude Rural e Agricultura Familiar foi realizado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Rio Grande do Sul, Ministério do Desenvolvimento Agrário e integra as comemorações de 50 anos de presença do IICA no país

Cerca de 450 jovens que vivem no campo se reuniram por dois dias com autoridades federais e do estado do Rio Grande do Sul para apresentar suas demandas. Entre as principais reivindicações está uma política estruturada de educação rural. Ao contrário de anos atrás, eles preferem ir à escola para aprender sobre o meio em que vivem a absorver conteúdos mais adequados a quem vai para as cidades. Eles passaram a enxergar um futuro onde antes imaginavam que não prosperariam.

Participaram do Seminário Juventude Rural e Agricultura Familiar moças e rapazes de diversas regiões do Rio Grande do Sul, como da Serra Gaúcha, onde predomina o cultivo de uvas para a produção vinícola; ou do Vale do Rio Pardo, no centro do estado, cujos agricultores tradicionalmente se dedicam a monocultura fumageira. Ao lado deles, um pequeno mas eloquente grupo de jovens uruguaios trouxe ainda mais diversidade às discussões.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, proferiu a palestra de abertura, no dia 05 de fevereiro, em Porto Alegre, capital do estado. Eles mostrou como os investimentos sociais do governo federal tem melhorado a vida de muitos brasileiros. Segundo ele, “passamos a investir no combate à pobreza rural sem abandonar os incentivos à agricultura exportadora”, setor importante para a balança comercial do país e responsável por 80% do Produto Interno Bruto do Brasil. “Isso é só começo”, reforçou ao classificar o Seminário como modelo de capacidade de organização dos jovens do campo.

Políticas para igualdade no campo e produção de alimentos

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, também incluiu o encontro na sua agenda e recebeu dos jovens um documento com as reivindicações que julgam necessárias para o desenvolvimento da agricultura familiar e garantia de futuro no campo. Segundo o governador, os agricultores familiares, quilombolas, indígenas e assentados da reforma agrária precisam da juventude para seguir na luta por uma sociedade mais igualitária e também para garantir a produção de alimentos para os brasileiros. Da tribuna, ele afirmou que “por esta razão estamos aqui, abertos a ouvir as demandas dos jovens e para que vocês (jovens) nos auxiliem a garantir o futuro da agricultura familiar”.

Anfitrião do evento, o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan, lembrou seu passado na pequena propriedade da família no município de Aratiba, no norte do Rio Grande do Sul. "Me orgulho de ter sido jovem rural da geração anterior, que conseguiu trazer um conjunto de políticas memoráveis, mas não podemos nos contentar com isso. O jovem do campo quer continuar sendo agricultor e isso é uma novidade. Estamos dando preferência, nas políticas públicas rurais, àquelas famílias que têm jovens entre seus integrantes”.

“Tenho participado de muitos seminários. Pela primeira vez sinto muito boas vibrações e a certeza de que a transformação do meio rural está em marcha”, comemorou o representante do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), no Brasil, Manuel Otero. “Completamos 50 anos de presença no Brasil e nosso compromisso é aprofundar essa revolução, que precisa dos jovens, junto com os governos federal, estaduais e municipais e os movimentos sociais. Para o IICA é fundamental trabalhar as prioridades e como podemos ajudar as instituições”, completou.

Ano Internacional da Agricultura Familiar

Para o coordenador de juventude da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Douglas Censi, o seminário marcou as temáticas mais importantes para os jovens do meio rural. "Todas as questões são fundamentais, são passos importantes, mas precisamos alavancar um conjunto de políticas públicas para a juventude. Ainda temos muito que caminhar", disse.

Josiani Cristina Einloft, que coordena os assuntos referentes à juventude na Federação Estadual de Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS), destacou a importância dos jovens no atual momento. "No Ano Internacional da Agricultura Familiar, temos o papel de mostrar para a sociedade brasileira que existimos. A juventude rural tem um papel fundamental no campo e fazemos falta lá. Precisamos que as políticas falem umas com as outras. Se o campo não planta, a cidade não almoça e não janta", lembrou.