Agricultura Familiar

A pecuária no México tem amplo potencial de contribuir para a mitigação e a adaptação à mudança do clima

A Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México (SADER) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) coordenam uma Ação Nacionalmente Apropriada de Mitigação na passagem para a pecuária bovina extensiva sustentável


Publicado em: 07/06/2021 às 13:00hs

A pecuária no México tem amplo potencial de contribuir para a mitigação e a adaptação à mudança do clima

A pecuária é fundamental para a segurança alimentar, pois constitui o sustento e o patrimônio de grande parte das famílias do campo da América Latina e do Caribe (ALC), donde a importância de se impulsionar a sua sustentabilidade, produtividade e competitividade e de se atuar para melhorar a ação climática na região – neste ponto concordaram todos os peritos convocados pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e pela FAO no México.

No encontro “A pecuária, uma oportunidade de potencializar a ação climática na América Latina e no Caribe”, realizado como evento paralelo da Semana do Clima da ALC (organizada pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima), especialistas compartilharam a sua visão sobre como a pecuária sustentável apresenta uma grande oportunidade de fortalecimento da ação climática na ALC.

Um deles foi Adrián Vega, Diretor Adjunto de Estudos da Flora e dos Solos para Fins Pecuários na Coordenação Geral de Pecuária, da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (SADER) do México, que explicou que 56% da superfície do país são dedicados à pecuária extensiva. Informou ainda que a nação ocupa o sétimo lugar na produção mundial de proteína animal e produz 82,1% dos alimentos de origem animal que consome internamente. Essa atividade gera cerca de 10% das emissões de gases de efeito estufa (GEI) do país e 68% das emissões do setor agropecuário.

“Existe uma oportunidade significativa de reduzir as emissões e, por isso, a SADER e o IICA, com outros parceiros, promovem a transição da pecuária extensiva convencional para uma sustentável”, comentou Vega.

E acrescentou que essa transição seria realizada mediante uma ação Nacionalmente Apropriada de Mitigação de Pecuária Sustentável e de Baixas Emissões em Condições de Pastoreio no México (NAMA GS+México), em consonância com o objetivo de se manter o aquecimento global no 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris e de se cumprir Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC).

A NAMA GS+México busca reduzir as emissões de GEI em 28% e contribuir para o aumento da produtividade e da competitividade do setor pecuarista sob o enfoque de cadeia de valor com critérios de sustentabilidade, inclusão e territorialidade, bem como avançar para a segurança alimentar, o crescimento econômico, a capacidade de adaptação à mudança climática, a conservação e o aproveitamento sustentável da biodiversidade e a geração de bens e serviços ecossistêmicos.

O evento foi um espaço de reflexão e chamado à ação climática ante a 26ª Sessão da Conferência das Partes (COP26), da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.

Dele também participaram José Miguel Cordero, Vice-Ministro de Extensão e Capacitação da República Dominicana, Walter Oyhantcabal, perito em mudança do clima e bioeconomia do Uruguai, e Muhammade Ibrahim, Diretor Geral do Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE), e Kelly Witkowski, Gerente do Programa de Mudança do Clima e Recursos Naturais de IICA, foi a moderadora.

Witkowski observou que diversos países da ALC têm investido na redução das emissões dos seus sistemas pecuários, gerando um impacto importante para o clima e maior eficiência e produtividade, conservação e recuperação de ecossistemas, melhorias na saúde do solo e do gado e aumento na renda dos produtores. 

“Precisamos aumentar o financiamento e a assistência técnica para que mais produtores possam aplicar boas práticas”, destacou.

Os palestrantes também compartilharam informações e experiências sobre sistemas pecuários sustentáveis e de baixas emissões na ALC e concluíram que o setor pecuarista é parte da solução dos desafios da sustentabilidade e da mudança climática. Destacaram os benefícios ambientais, sociais e econômicos derivados da adoção de práticas e tecnologias que reduzem as emissões de GEI e aumentam a produtividade e a resiliência, contribuindo para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico.

Entre as principais práticas indicadas estão a conservação e a melhoria da vegetação, sistemas de pastoreio (sistemas silvipastoris, rotacional diferido, alta intensidade e baixa frequência e sazonal, entre outros), ajustes da carga animal, conservação do solo e armazenamento de água, geração de energia renovável, alimentação animal, ações de adaptação, melhoria da eficiência reprodutiva, escolha e melhoria genética, manejo sanitário e ações para melhorar a rentabilidade e a competitividade.

A Semana do Clima da ALC foi o cenário de propostas de recuperação econômica pós-Covid e de estratégias de aumento da resiliência e redução das emissões de gases de efeito estufa no enfrentamento da crise climática.