Suíno

Rabobank apresenta perspectivas para o mercado de suínos em 2024

O Rabobank, instituição financeira renomada no agronegócio, compartilha análises e perspectivas valiosas para o cenário do mercado suinícola em 2024, destacando fatores que moldarão a produção e exportação brasileira


Publicado em: 05/12/2023 às 18:00hs

Rabobank apresenta perspectivas para o mercado de suínos em 2024

O próximo ano se desenha sob a sombra da volatilidade no mercado de proteína animal, influenciada por variáveis como condições climáticas, fatores geopolíticos, riscos sanitários e dinâmicas do poder de compra da população. As barreiras comerciais persistem como um desafio premente para o setor de exportação, dado o ambiente de baixa previsibilidade.

O crescimento global da produção de carne suína, que vinha em ascensão, enfrentará uma interrupção em 2024. Essa tendência reflete a expectativa de redução na oferta dos três maiores produtores mundiais: China (-0,5%), UE-27 (-3,0%) e EUA (-0,6%). Contrariando essa tendência, o Brasil, como o quarto maior produtor, projeta um aumento na produção de 3,5% no mesmo período.

A persistência da Peste Suína Africana (PSA) como uma preocupação sanitária central para o setor é enfatizada, apesar dos avanços no desenvolvimento de vacinas. Até o momento, nenhuma vacina alcançou eficácia comercial suficiente.

Na China, o intenso crescimento na produção desde 2021, combinado com liquidações frequentes de matrizes devido à PSA e uma demanda local considerada fraca, manteve os preços do suíno vivo abaixo dos níveis do ano anterior nos primeiros três trimestres de 2023. As importações chinesas são projetadas para aumentar entre 8% e 10% em 2024, impulsionadas pela recuperação do consumo doméstico e redução gradual nos estoques nacionais de carne suína.

Na UE-27, a queda na produção de carne suína pelo terceiro ano consecutivo deve desacelerar em 2024 (-3% no comparativo anual). Isso é resultado da melhoria nas margens para os suinocultores, impulsionada pela forte recuperação nos preços do suíno vivo e redução nos custos com ração. No entanto, desafios persistem devido à crescente competição externa, especialmente do mercado brasileiro, e ao aumento nas exigências ambientais e de bem-estar animal. Questões sanitárias, incluindo PSA e PRRS, continuarão a moldar o mercado da UE-27 em 2024.

Nos Estados Unidos, a projeção é de uma leve contração no rebanho de matrizes suínas em 2024, resultado das significativas quedas nas margens registradas no ano anterior. Custos elevados relacionados à criação e perda de capacidade de processamento em frigoríficos de menor escala contribuem para esse cenário. Apesar das expectativas de redução nos preços da ração, os custos de produção devem permanecer elevados, pressionando as margens até que a oferta esteja mais equilibrada com a demanda.

No mercado brasileiro, a desvalorização dos custos de alimentação, recuperação das exportações e demanda doméstica robusta melhoraram as margens de produção, especialmente a partir do segundo trimestre. O movimento de descarte de matrizes, que desacelerou em relação ao ano anterior, contribuiu para sustentar a oferta.

Para 2024, a expectativa é de uma safra recorde de grãos, mantendo os níveis de oferta elevados no mercado doméstico e sustentando as cotações da ração. Os preços desse insumo, representando entre 70% e 80% dos custos de produção, estão sob escrutínio, com atenção especial às questões climáticas relacionadas ao El Niño, que têm impactado negativamente a janela de plantio da soja na região Sul.

No âmbito das exportações, o mercado chinês continua sendo o maior destino, representando 35% do total exportado. Mesmo com uma leve queda em volume, o Brasil tornou-se o maior exportador dessa proteína para a China, com uma participação de 26% no total importado pelo mercado asiático. As expectativas de preços competitivos no mercado externo e o aumento na demanda chinesa representam desafios significativos para o mercado doméstico, que enfrentará a concorrência não apenas pelos preços, mas também pelo forte apelo cultural da carne suína para uma parcela considerável da população.

O Rabobank projeta um aumento na oferta de 3% a 4% em 2024, impulsionado pelo aumento no consumo per capita e pelas exportações, que devem recuperar de 3% a 5% em volume em comparação a 2023.

Fonte: Portal do Agronegócio

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