Publicado em: 11/08/2025 às 09:00hs
A recente divulgação de um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) reacendeu o debate sobre os riscos à saúde associados ao consumo de carnes processadas. Bacon, salsicha, linguiça e presunto industrializados foram incluídos no grupo 1 de substâncias carcinogênicas, segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc). Isso significa que há evidência suficiente de ligação entre o consumo frequente desses produtos e o desenvolvimento de câncer colorretal — mesma classificação dada ao tabaco, amianto e fumaça de óleo diesel.
Segundo a especialista em carne suína Flávia Brunelli, empresária à frente da Del Veneto, o risco apontado pela OMS está ligado principalmente à composição e ao grau de processamento dos alimentos. “O que define um ultraprocessado é a quantidade de aditivos químicos, estabilizantes, corantes artificiais e ingredientes que não existem na cozinha de casa. Quando o rótulo traz nomes que você não reconhece, provavelmente está diante de um produto ultraprocessado”, alerta.
Grande parte dos embutidos industrializados utiliza carne mecanicamente separada (CMS), obtida por meio da raspagem de ossos com alta pressão. Esse processo compromete a qualidade da proteína e exige o uso de aditivos para recompor textura, sabor e aparência. Além disso, muitas dessas carnes incluem amidos modificados, conservantes sintéticos e proteínas reconstituídas, elementos ausentes nos produtos da Del Veneto.
Na Del Veneto, a produção de bacon, presunto, linguiça e salsicha é feita com carne suína da raça Duroc — conhecida como o “Angus dos suínos” — sem adição de soja ou substitutos proteicos. “A salsicha comum costuma conter sobras de cortes misturados a aditivos. Nós usamos carne suína moída, temperada com especiarias, sem corantes ou emulsificantes. Apesar de ter o mesmo nome, trata-se de um produto completamente diferente”, explica Flávia.
De acordo com a OMS, a ingestão diária de apenas 50 gramas de carne processada — cerca de duas fatias de bacon ou uma salsicha — pode elevar em 18% o risco de câncer colorretal. O alerta se refere especialmente aos produtos com alto teor de sódio, nitritos e conservantes artificiais, elementos que não estão presentes nos embutidos artesanais produzidos pela empresa de Flávia.
Outro fator que diferencia o artesanal do industrial é o processo de preparo. Enquanto a indústria acelera etapas com o uso de aditivos químicos, a produção artesanal respeita o tempo natural de cura, sem pressa. A defumação também segue um processo tradicional: é feita lentamente, com madeiras de árvores frutíferas, sem fumaça líquida ou compostos químicos, resultando em aroma, conservação e identidade ao produto.
Os produtos da Del Veneto são certificados pelo Serviço de Inspeção de São Paulo (SISP), o que garante rastreabilidade, controle de higiene e conformidade com todas as normas sanitárias. “Trabalhamos com carnes de origem controlada, priorizamos temperos naturais e oferecemos total transparência sobre o que compõe cada alimento. O consumidor tem o direito de saber o que está comendo”, reforça Flávia.
Flávia Brunelli lembra que o alerta da OMS não é uma condenação ao consumo de carne suína ou vermelha, mas sim uma chamada de atenção sobre os processos utilizados na indústria alimentar. “A escolha por alimentos minimamente processados, com ingredientes reconhecíveis e produção responsável, é um caminho importante para quem quer preservar a saúde sem abrir mão do sabor”, finaliza.
Fonte: Portal do Agronegócio
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