Publicado em: 09/10/2025 às 07:30hs
O canibalismo em suínos, caracterizado por mordidas em caudas, orelhas e outras partes do corpo, tem se mostrado um desafio crescente para a suinocultura. Além de causar ferimentos que podem infeccionar e comprometer a saúde dos animais, o problema gera prejuízos significativos aos produtores.
Um levantamento realizado em Concórdia (SC), com supervisão do Serviço de Inspeção Federal (SIF), revelou que, de um total de mais de 410 mil suínos abatidos, 2,13% das carcaças foram condenadas devido a lesões provocadas por esse comportamento.
Segundo o consultor técnico da MCassab Nutrição e Saúde Animal, Gladstone Brumano, os primeiros sinais aparecem cedo.
“Quando um animal começa a morder com frequência, mesmo sem ferimentos visíveis, já é um alerta. O canibalismo não é um instinto natural, mas uma resposta ao estresse. O suíno morde porque está desconfortável, seja por falta de espaço, calor ou até problemas na alimentação”, explica.
Boas práticas de manejo são essenciais para minimizar os riscos: oferecer espaço adequado, acesso constante à água e à ração, além de manter a temperatura controlada.
Contudo, Brumano ressalta que mesmo em granjas bem estruturadas, surtos podem ocorrer. Fatores como calor excessivo, doenças ou deficiências nutricionais podem desencadear episódios de agressividade. “É um problema multifatorial, nunca existe uma única causa”, destaca.
A alimentação é outro ponto crucial no controle do canibalismo. Nutrientes como triptofano, que estimula a produção de serotonina, e minerais como sódio, zinco e magnésio, ajudam a reduzir a irritabilidade.
Além disso, fibras, tributirina (butirato de sódio) e probióticos favorecem a digestão, diminuindo desconfortos que podem levar à agitação e, consequentemente, às mordidas entre os animais.
Além da nutrição, o ambiente tem papel decisivo. Ciclos de luz equilibrados, ventilação adequada e a presença de objetos que estimulem a exploração contribuem para reduzir os ataques.
“Quando somamos manejo, nutrição e ambiente de qualidade, conseguimos reduzir drasticamente os casos de canibalismo nas granjas”, reforça Brumano.
Para os especialistas, cada ferimento é um sinal de que ajustes precisam ser feitos. Apostar na prevenção não só garante o bem-estar animal, mas também a sustentabilidade econômica da produção.
“Investir em prevenção é mais barato do que arcar com as perdas depois. Cuidar do bem-estar animal também é cuidar da produtividade”, conclui Gladstone Brumano.
Fonte: Portal do Agronegócio
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