Publicado em: 14/08/2025 às 09:00hs
Quando olhamos para o mundo e observamos os processos produtivos exercidos sobretudo nos territórios da agricultura e criação animal, percebe-se que a pecuária brasileira é uma das mais relevantes, tanto em termos de volume quanto em qualidade dos produtos.
Não é à toa que o rebanho bovino atingiu 238,6 milhões de cabeças em 2023, o maior da série histórica desde 1974, como mostrou a Pesquisa da Pecuária Municipal 2023, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado. Por este motivo e outros, o Brasil tornou-se líder na exportação de carne, ocupando papel central, por exemplo, na cadeia de leite, couro e outros derivados.
Todavia, para manter essa posição estratégica no mercado global e ampliá-la, dentre todas as tecnologias que vêm sendo implementadas nos territórios da agricultura, os avanços em genética animal tornaram-se indispensáveis.
No Brasil, o avanço genético do gado apoia-se em práticas consolidadas internacionalmente. O trabalho de melhoramento busca combinar, por meio de cruzamentos planejados, as qualidades mais relevantes de cada raça. Com isso, é possível criar animais mais rústicos, resistentes a doenças e parasitas, com melhor desempenho produtivo.
Na pecuária, portanto, a genética aplicada envolve técnicas de seleção e melhoramento genético que buscam transmitir características desejáveis de uma geração para a outra. Isso significa animais com mais facilidade para ganho de peso, melhor conversão alimentar na construção de músculo, resistência a doenças, bem como maior qualidade tanto da carne quanto do leite.
Outro ponto interessante do melhoramento genético é que ele permite a preservação de raças adaptadas a determinados ambientes, assegurando, portanto, que a produção continue eficiente, até mesmo nas regiões que possuem desafios atrelados ao clima, como o semiárido nordestino, por exemplo.
É possível dizer que uma das maiores contribuições do campo técnico-científico para revolucionar a pecuária brasileira foi, sem dúvidas, a melhoria genética. Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a introdução do gado zebu no Brasil Central foi, por exemplo, elementar para a expansão nesta região, tornando-se base do rebanho brasileiro.
É a partir deste momento que outros avanços foram possíveis, como as técnicas de fecundação in vitro, produção de embriões, clonagem, entre outros. No território brasileiro, alguns exemplos de sucesso mostram na prática como a genética está transformando gradativamente o setor.
O melhoramento da raça nelore, por exemplo, permitiu o manejo de animais com um rendimento de carcaça mais efetivo e melhor qualidade de carne. É importante enfatizar que neste processo não se perdeu a rusticidade que torna a raça ideal para o clima tropical brasileiro.
Na contemporaneidade, os avanços mais recentes envolvem o uso de tecnologias de reprodução assistida, como, por exemplo, inseminação artificial em tempo fixo (IATF), fertilização in vitro (FIV), entre outros. Todos com o objetivo de acelerar o processo de melhoramento genético e garantir o sucesso do manejo.
É importante enfatizar que, no campo epistemológico e técnico, grande parte das conquistas está diretamente ligada à evolução da medicina veterinária, campo da ciência dedicada, entre seu amplo leque de possibilidades, ao estudo e à aplicação de técnicas para aprimorar a saúde genética do rebanho.
No fim, o futuro da pecuária brasileira dependerá, em grande medida, da continuidade dos investimentos em pesquisa e inovação. Desse modo, à medida que novas tecnologias genéticas e veterinárias comecem a surgir, a possibilidade de atender as demandas do mercado com produtos de qualidade tende a crescer.
O foco é buscar uma forma sustentável e rentável de manejo. Hoje, mais do que um diferencial competitivo, a genética é um caminho indispensável para assegurar a soberania nacional, frente ao mercado agropecuário mundial que tende a crescer nos próximos anos.
Fonte: Conversion News + Portal do Agronegócio
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