Saúde Animal

Especialistas alertam: Gripe Aviária H5N1 coloca trabalhadores de granjas e frigoríficos em risco

Exposição em granjas e frigoríficos eleva perigo de contaminação, exigindo medidas rigorosas de prevenção e proteção ocupacional


Publicado em: 05/06/2025 às 12:30hs

Especialistas alertam: Gripe Aviária H5N1 coloca trabalhadores de granjas e frigoríficos em risco
Situação crítica no setor avícola

O Brasil enfrenta uma situação delicada com a confirmação do primeiro caso de gripe aviária (H5N1) em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. O episódio, que desencadeou um alerta sanitário nacional, levou diversos países — entre eles China, União Europeia, Japão, Chile e México — a suspendendo a importação de carne de frango brasileira, impactando diretamente a cadeia produtiva e a imagem do setor no mercado internacional.

Medidas emergenciais e barreiras sanitárias

Para conter o avanço do vírus, autoridades locais implementaram quatro barreiras sanitárias em Montenegro, operando 24 horas por dia. Essas medidas já resultaram na abordagem de mais de 3,5 mil veículos com foco na desinfecção e no controle da disseminação. Além desse caso confirmado, o país registra 11 casos suspeitos em análise, acumulando um total de 168 ocorrências de gripe aviária desde maio de 2023, sendo que quatro destes casos foram identificados em áreas produtivas.

Riscos ampliados aos trabalhadores

A preocupação atual se volta para os profissionais que atuam em granjas e frigoríficos, considerados os mais vulneráveis à exposição ao vírus. O ambiente de trabalho, caracterizado por alta densidade de aves, ventilação inadequada e, por vezes, falhas nos protocolos de biossegurança, cria condições ideais para a disseminação do H5N1 entre os colaboradores, especialmente em áreas de contato direto com aves infectadas.

Alerta do infectologista: risco de adaptação viral

Dr. Leonardo Von Doellinger, infectologista do Grupo Med+ — referência em gestão médica ocupacional — destacou que a presença do H5N1 em granjas comerciais aumenta o risco de adaptação viral. Segundo ele, se ocorrer coinfecção por diferentes cepas do vírus (uma oriunda das aves e outra já adaptada aos humanos), pode haver um reassortment genético. Esse fenômeno pode resultar no surgimento de uma nova cepa, com potencial aumento de letalidade e capacidade de transmissão.

“O risco não é apenas teórico. O processo de reassortment, que pode ocorrer quando há coinfecção, aumenta consideravelmente a letalidade e a transmissibilidade do vírus”, alerta Dr. Leonardo.

Modos de transmissão e orientações para prevenção

Embora a transmissão do H5N1 para humanos seja rara, ela pode ocorrer através do contato direto com aves contaminadas, secreções, fezes ou superfícies infectadas. A inalação de partículas virais em ambientes com pouca circulação de ar configura um dos riscos mais perigosos.

Para proteger os trabalhadores, especialistas ressaltam a necessidade do uso rigoroso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como máscaras, luvas, aventais e protetores faciais. Contudo, o uso de EPIs deve ser acompanhado de medidas complementares, incluindo:

  • Estabelecimento de zonas de acesso controlado;
  • Implementação de barreiras sanitárias e desinfecção frequente das instalações;
  • Revezamento de turnos para evitar aglomerações;
  • Triagens regulares de saúde.

Esses procedimentos são essenciais para evitar que mesmo colaboradores sem contato direto com as aves possam atuar como vetores do vírus ao circularem por áreas contaminadas.

A importância da colaboração e da educação continuada

A integração entre granjas, frigoríficos, empresas de gestão médica e órgãos públicos é fundamental para uma resposta coordenada. A colaboração com as vigilâncias sanitária e epidemiológica permite monitoramento ágil dos casos suspeitos, facilita a implementação de barreiras sanitárias e reforça a disseminação de informações corretas entre os trabalhadores.

Ações educativas, como treinamentos sobre os sinais de alerta da doença e práticas adequadas de higienização, são indispensáveis para reduzir falhas humanas. Em caso de qualquer sintoma gripal entre os funcionários, é crucial que a empresa proceda rapidamente: afastando o colaborador, garantindo avaliação médica imediata e realizando testes, se necessário.

Notificação e vigilância contínua

A comunicação imediata de casos é outra etapa crítica da prevenção. A notificação de surtos deve ser realizada às Secretarias de Saúde e ao Ministério da Saúde para casos em humanos, e ao Ministério da Agricultura e Pecuária para surtos em aves. Embora até o momento não haja registros de infecção humana pelo H5N1, a presença do vírus em granjas comerciais impõe um rigor contínuo na vigilância para evitar mutações que possam facilitar a transmissão entre pessoas.

A proteção dos trabalhadores é essencial para conter a disseminação da gripe aviária e manter a confiança dos mercados internacionais. Manter protocolos rígidos de biossegurança e promover uma rede articulada de prevenção são medidas fundamentais para preservar tanto a saúde dos profissionais quanto a estabilidade e a reputação do setor avícola brasileiro, que desempenha um papel estratégico na economia nacional.

Fonte: Portal do Agronegócio

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