Publicado em: 13/05/2015 às 15:10hs
Representantes da sociedade civil, empresários e parlamentares discutiram, em audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) na manhã desta segunda-feira (11), o reconhecimento do estado como área livre da febre aftosa sem vacinação. A discussão dividiu opiniões quanto à importância econômica da mudança. O Paraná é reconhecido hoje como área livre da aftosa com vacinação, o último caso da doença foi registrado em 2005.
O Secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, saiu em defesa do status de área livre sem vacinação, argumentando que a intenção é fortalecer a dinâmica da economia paranaense. “Vacinamos por vacinar, porque na prática estamos livres da aftosa sem a vacina”, afirmou. Já o presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Inácio Kroetz, apresentou um panorama que mostra que este é o momento oportuno para o Paraná ter status semelhante aos países e estados vizinhos. "Podemos estar no mesmo grupo que Chile, Peru e Santa Catarina até maio de 2017".
Entretanto, parlamentares discordam que essa seja a hora para evoluir para a certificação sem vacinação. “Há entrada constante de gado por estados e países vizinhos e isso pode levar a um problema futuro, a despeito dos benefícios”, disse o deputado estadual Marcio Nunes (PSC), um dos primeiros a manifestar sua opinião. A preocupação também foi externada pelo deputado Fernando Scanavaca (PDT), que considera o isolamento como um risco de desabastecimento.
O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Moacir Sgarioni, apresentou um estudo técnico detalhado, onde 23 entidades manifestam preocupação a respeito da mudança, cobrando mais esclarecimento do governo sobre o processo de certificação. “Queremos saber exatamente os riscos envolvidos nesta qualificação, inclusive econômicos”.
“O problema não é uma questão apenas sanitária, é iminentemente comercial”, defendeu o presidente-executivo da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, onde ainda afirmou que, comercialmente, o status não terá a força de conquistar novos mercados. “O Paraná vai virar uma ilha, não somos uma ilha pois estamos vinculados a outros estados e produtos”, pontuou.
Outro assunto destacado na reunião pelos parlamentares lembrou que o Rio Grande do Sul e Uruguai foram mal sucedidos em seus processos de abandono da vacina e tiveram grande prejuízo financeiro ao limitar os focos de aftosa que surgiram na tentativa de mudança do status. As empresas não mantêm um grande estoque de vacinas, até mesmo porque o prazo de validade dessa vacina é de 24 meses. A existência de um banco de vacinas é fundamental.
O Governo do Paraná apresentou o pedido de reclassificação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na semana passada e ainda não há uma data definida para que o Mapa realize as primeiras avaliações. Por enquanto, o superintendente do órgão no estado apenas acompanha as discussões que devem continuar no dia 1º de junho em uma nova audiência pública.
Fonte: COMUNICARE
◄ Leia outras notícias