Saúde Animal

Sombreamento evita estresse calórico em dias quentes

Dias extremamente quentes podem ser bem desconfortáveis em regiões tropicais para as vacas leiteiras, principalmente para as que estão em período de lactação e que possuem alto potencial de produção de leite


Publicado em: 01/07/2021 às 11:15hs

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Cícero Pereira de Carvalho Júnior e Wesley Leite Matos: Técnicos do Grupo Matsuda da unidade de Imperatriz no Maranhão
Por: Marisa Rodrigues

Esses fatores ambientais aliados à produção de calor metabólico do animal reduzem sua capacidade de eliminar o calor corporal, resultando em uma condição conhecida como estresse calórico. Nessa entrevista, os técnicos Cícero Pereira de Carvalho Júnior e Wesley Leite Matos, ambos do Grupo Matsuda da unidade de Imperatriz no Maranhão falam sobre a importância do sombreamento nos pastos para evitar o estresse calórico nas vacas de leite. 

Confira:

Taxi Blue - O que o estresse calórico pode causar no animal? Pode consequentemente impactar na produção de leite da propriedade?  

Cícero Pereira de Carvalho Júnior, Médico Veterinário Grupo Matsuda: O estresse calórico é uma das causas de grande impacto econômico na eficiência de vacas leiteiras, provocando efeitos negativos na produção de leite, assim como na reprodução desses animais, podendo, ainda, provocar distúrbios metabólicos e diminuir a eficiência do sistema de defesa do animal, proporcionando, assim, maiores chances de ocorrência de doenças. Esse estresse calórico provoca nos animais uma redução no consumo de alimentos, sendo que essa é uma tentativa do animal em diminuir o metabolismo basal, buscando manter a temperatura constante. Essa redução no consumo de alimento impacta de forma negativa na produção de leite.

Taxi Blue - Qual é a importância do sombreamento para evitar o estresse calórico?

Cícero Pereira de Carvalho Júnior, Médico Veterinário Grupo Matsuda:  Vacas que estão em período de lactação, apresentam maior consumo de alimentos e, consequentemente, apresentam maior dificuldade de equilíbrio térmico, principalmente quando em situação de estresse térmico, seja ela por irradiação solar ou altas temperaturas. O sombreamento, devidamente planejado, poderá impactar de forma positiva na produtividade dos animais, diminuindo a sensação térmica provocada pelas altas temperaturas e diminuindo a irradiação excessiva do sol, tendo efeito direto na melhoria do consumo de alimento.

Taxi Blue - Existem algumas dicas de como fazer o sombreamento? Ele pode ser artificial também? Qual é o mais indicado? E por quê? 

Cícero Pereira de Carvalho Júnior, Médico Veterinário Grupo Matsuda: Temos duas formas de fazer o sombreamento, podendo ser naturais e artificiais. As sombras naturais, proporcionadas por vegetações nativas ou mesmo de reflorestamentos, têm por objetivo impedir a incidência solar e reduzir a temperatura ambiental por meio da atividade evaporativa das folhas, amenizando os efeitos indesejáveis do clima tropical, caracterizado por ser quente e úmido, proporcionando, assim, o conforto térmico para os animais.

Sobre o sombreamento artificial, conforme destacado em algumas pesquisas, há uma redução de 30% a 50% da carga total de calor, sendo que é importante considerar a sua localização, orientação conforme o clima e tamanho da sombra.Para utilização de sombreamento artificial, é indicado de 3,5m² a 4,5m² de espaço de sombra por vaca leiteira, com recomendação da orientação de norte-sul com o objetivo da luz solar sob a sombra secar o chão, evitando o acúmulo de água e formação de lama, diminuindo as chances de contaminação das glândulas mamárias dos animais. 

Essa alternativa de sombreamento pode ser realizada com estruturas simples como sombrites (mínimo 80% de sombra), podendo ser fixos ou móveis, sendo que a opção de móvel é indicada em situações as quais se queira evitar a formação de malhadouros, degradação do solo e pastagens.O sombreamento artificial como alternativa para o sombreamento natural é uma alternativa interessante, no entanto, não é tão eficiente pensando em capacidade de alterar a temperatura atmosférica ou umidade relativa do ar, sendo que esses fatores são importantíssimos para que um animal em situação de estresse calórico possa realizar o processo de termorregulação de forma mais eficiente.Diante disso, fica claro que o sombreamento natural é a alternativa mais indicado para vacas leiteiras a pasto com o objetivo de se evitar o estresse calórico.

Taxi Blue - Podemos dizer que sistemas como o ILPF, por exemplo, pode ser usado como sombreamento e, além disso, agregar renda ao produtor de leite? Seria indicado para vacas leiteiras? Se sim, ou se não, por favor, explique por quê?

Wesley Leite Matos - Engenheiro Agrônomo do Grupo Matsuda: Sim, a estratégia da adoção do sistema de ILPF é uma técnica vista como uma estratégia que proporciona o sinergismo entre as pastagem e culturas anuais e componentes florestais, favorecendo o aumento da produção com custos mais baixos, além de transformar essa propriedade economicamente viável o ano todo.Existem estudos em gados leiteiros que comprovam ganhos, tanto na produção e qualidade de leite como no desempenho reprodutivo dos animais; quando se comparam com os animais em pleno sol,esses resultados são  atribuídos ao efeito da presença de sombras e, consequentemente, do conforto térmico na área,tornando-se uma estratégia positiva nesse sistema de produção. 

Taxi Blue -Existe alguma quantidade ideal de árvores por hectare para que não prejudique o desenvolvimento do pasto?

Wesley Leite Matos - Engenheiro Agrônomo do Grupo Matsuda: Primeiramente é muito importante a escolha da(s) espécie(s) florestal(ais) para exploração comercial levando em consideração a finalidade do plantio, condições edafoclimáticas do local, conhecimento técnico sobre a espécie selecionada, infraestrutura e serviços, aspectos econômicos e financeiros, informações sobre o mercado consumidor (produtos demandados), levando em consideração que o componente florestal pode ter múltiplos usos, como fornecimento de madeira, lenha, óleos, essências entre outros.Na definição da quantidade de árvores por hectare se devem ao Arranjo Espacial do renque (faixa de árvores compostas por linhas simples ou com múltiplas linhas). É importante definir o uso que será dado ao componente florestal, lembrando que a definição dos renques também deve levar em consideração as espécies forrageiras e execução das atividades de manejo dentro do sistema de produção.

Taxi Blue -Qual é a espécie de forrageira mais indicada para esse sistema? E por quê? 

Wesley Leite Matos - Engenheiro Agrônomo do Grupo Matsuda: Nos sistemas de ILPF o componente forrageiro e florestal compartilha o mesmo espaço, onde ocorre uma competição pelas mesmas fontes de recursos tais como: luz, água e nutrientes, sendo de fundamental importância conhecimento desse ambiente de produção e os mecanismo básicos dessa competição, afim de maximizar a produção desses componentes.

Na escolha da espécie forrageira deve-se levar em consideração o conhecimento das espécies disponíveis no mercado e fatores limitantes para a mesma, tais como: umidade de solo, fertilidade, pragas e doenças entre outros. Aliado ao conhecimento das características das espécies forrageiras (produção, distribuição ao decorrer do ano, qualidade, manejo e utilização) vai dar ao produtor subsídios suficientes para tomada da escolha da espécie forrageira que mais atenda às necessidades afim de atingir os objetivos da propriedade. Por isso,  é de fundamental importância que o produtor busque auxílio de um técnico capacitado para tomadas de decisões, tanto no planejamento como na execução das atividades dentro da propriedade.

Fonte: TAXI BLUE COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA

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