Pastagens

Valorização da arroba impulsiona investimentos em recuperação de pastagens na pecuária brasileira

Pecuária vive momento favorável com arroba valorizada


Publicado em: 15/12/2025 às 15:00hs

Valorização da arroba impulsiona investimentos em recuperação de pastagens na pecuária brasileira

A pecuária de corte no Brasil registra em 2025 um dos melhores momentos dos últimos anos, impulsionada por demanda interna aquecida e exportações recordes. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, compilados pela Abiec, indicam que em outubro os embarques de carne bovina atingiram 357 mil toneladas, o maior volume mensal da série histórica. No acumulado de janeiro a outubro, o país exportou 2,79 milhões de toneladas, gerando US$ 14,31 bilhões em valor.

Com a valorização da arroba, acima de R$ 300 nas principais praças de negociação, os pecuaristas encontram oportunidade de investir na modernização do sistema produtivo, especialmente na recuperação e renovação de pastagens.

Pastagens: foco de investimento com retorno garantido

Segundo Thiago Feitosa, engenheiro agrônomo da Sementes Oeste Paulista (SOESP), a valorização da arroba permite ampliar margens, reduzir riscos e acelerar planos de investimento. “Com margens mais confortáveis, cresce o interesse por recuperar ou renovar áreas degradadas, estruturar o sistema produtivo e adotar tecnologias sustentáveis”, explica.

A recuperação de pastagens aumenta a produtividade por hectare, diminui o custo com suplementação e permite ciclos de terminação mais curtos, fortalecendo a rentabilidade do produtor.

Cenário técnico e desafios na recuperação de pastagens

Estudos da Embrapa apontam que o Brasil possui cerca de 28 milhões de hectares de pastagens degradadas, áreas com produtividade limitada. Em regiões críticas, o ganho é de apenas 150 kg de peso vivo por hectare/ano, enquanto pastagens manejadas adequadamente podem dobrar ou triplicar esse rendimento.

O especialista destaca que a decisão entre recuperar ou reformular pastagens depende de fatores como:

  • Presença de banco de forragem (touceiras/m²)
  • Percentual de solo descoberto
  • Infestação de plantas daninhas
  • Grau de compactação do solo

“Quanto mais avançado o grau de degradação, maiores os custos, tornando a janela de investimento ainda mais estratégica em períodos de arroba valorizada”, reforça Feitosa.

Sustentabilidade como diferencial competitivo

A recuperação de pastagens também está ligada à agenda de sustentabilidade. Sistemas integrados, como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), contribuem para:

  • Maximizar a produtividade
  • Melhorar a estrutura do solo
  • Reduzir emissões de gases de efeito estufa por unidade produzida

Feitosa observa que, mesmo com início do período chuvoso, 60% das pastagens brasileiras apresentam algum grau de degradação, o que reforça o potencial de investimentos em sistemas sustentáveis. Políticas públicas, como o Plano ABC+, oferecem linhas de crédito e financiamento para produtores que adotam boas práticas de manejo e sistemas integrados.

Tecnologias e práticas recomendadas para recuperação

Para aproveitar o cenário favorável, os pecuaristas podem adotar práticas como:

  • Correção química do solo (calagem e gessagem) e adubação mineral
  • Controle de plantas daninhas e restauração da cobertura forrageira
  • Subsolagem ou descompactação de solo compactado
Implantação de sistemas de ILP ou ILPF

Monitoramento contínuo via ganho de peso, produtividade da pastagem e custo por arroba

Consultorias indicam que o preço da arroba deve permanecer firme no curto e médio prazo, reforçando que o momento é estratégico para investir em pastagens, com efeitos multiplicadores na rentabilidade e sustentabilidade da fazenda.

Pasto: alimento mais barato e estratégico para o gado

A engenheira agrônoma e doutora em Zootecnia, Érica Franconere, da SOESP, destaca que 80% do rebanho brasileiro é terminado a pasto. “Investir em pastagens é preparar-se para aproveitar oportunidades com eficiência, sustentabilidade e resultado econômico”, conclui.

Fonte: Portal do Agronegócio

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