Publicado em: 14/11/2014 às 16:30hs
Evento, que acontece na próxima segunda (17/11), será mediado pela Ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e Israel Klabin, e apresenta estudo “Diretrizes para uma Economia Verde no Brasil”, com recomendações e indicadores propostos por grandes especialistas no país em seis áreas da atividade econômica, entre elas a agricultura
O Brasil detém o segundo maior rebanho bovino do mundo com 205 milhões de cabeças. A produção cresce ano a ano, bem como o consumo. Somos um grande exportador — segundo lugar no ranking mundial — e reconhecidos pela qualidade da nossa carne. Mas, o que poucos sabem, é que nada menos que 50% dessa imensa área de pasto estão em processo de degradação ambiental. Se a pecuária ocupa 25% do território nacional, o Brasil precisa recuperar com urgência a metade disso, cerca de 110 milhões de hectares. O alerta faz parte do estudo “Diretrizes para uma Economia Verde no Brasil”, que será lançado pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável no dia 17 de novembro, com a presença da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
O diagnóstico foi elaborado pela pesquisadora Susian Martins, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV, que aponta algumas saídas para elevar a qualidade da pecuária, preservando o meio ambiente e aumentando a eficiência. Ela explica que a degradação de pastagens é o processo de perda de vigor, de produtividade e de capacidade de recuperação natural da cobertura vegetal para sustentar os níveis de produção e a qualidade exigida pelos animais. De modo geral, a causa fundamental desse processo é o manejo inadequado e deficiências na conservação. Com o avanço do processo de degradação, a área perde cobertura vegetal e, consequentemente, diminui o teor de matéria orgânica do solo, promovendo a liberação de CO2 para atmosfera.
No caminho contrário, quando se investe para repor os nutrientes na pastagem, o produtor assegura uma dieta de melhor qualidade para o gado, reduzindo o tempo de abate aumentando a produtividade. Para estimular essa melhoria, os produtores têm recorrido ao Programa ABC, linha de crédito do Plano ABC criada em 2010 após o Brasil assumir voluntariamente o compromisso de reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa. O Plano ABC apresenta uma série de alternativas produtivas e tecnológicas para minimizar a emissão, enquanto que o Programa ABC visa dar condições para o produtor realizar investimentos necessários e incorporar essas tecnologias ao longo do processo produtivo. Dos cerca de R$ 4,5 bilhões disponibilizados na safra 2013/2014, cerca de 80% foram usados para recuperação de pastagens. Mas ainda há muito a fazer.
Susian explica que, para o Brasil evoluir em direção a uma economia verde, não basta disponibilizar o recurso. É preciso adotar algumas metas urgentes e monitorar a eficiência de cada um desses pilares.
1. A mais prioritária é recuperar em 10 anos (até 2023) as áreas de pastagens com baixa produtividade e baixa taxa de lotação. Essa meta representa cerca de 60 milhões de hectares, ou seja, quatro vezes mais que a tímida meta do Plano ABC de apenas 15 milhões de hectares. Importante atrelar essa meta com o monitoramento eficaz das ações.
2. Fortalecimento da assistência técnica e extensão rural (ATER) para aprimoramento das práticas de recuperação de pastagens. A ideia inicial é capacitar 10.000 técnicos até 2023 que, posteriormente, vão capacitar os produtores rurais por meio da realização de dias de campo, palestras etc. “No estudo, eu mostro a distribuição espacial dessa assistência técnica. Infelizmente ela não está chegando ao Nordeste, que é a região que mais concentra propriedades de agricultura familiar. Hoje, há muito gargalo e carência desse serviço em estados do Norte, do Nordeste e no Norte de Minas”, explica Susian.
3. Regularização ambiental das propriedades rurais: a partir da entrada em vigor do novo Código Florestal, os Estados e o DF têm prazo de até dois anos aderir ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) nas propriedades rurais. O CAR é um registro eletrônico onde todas as informações ambientais das propriedades devem estar reunidas, com acesso público pela internet, formando uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, e combate ao desmatamento. Mas, apesar de ele ter sido instituído em 2012, só recentemente foi regulamentado e publicado no Diário Oficial, então na prática, assim são muito poucas as propriedades rurais cadastradas.
4. Outra meta importante é a identificação animal, o rastreamento e ampliação dessa tecnologia entre os produtores de carne no país. Isso garante ao mercado consumidor a oferta de alimentos livres de resíduos e contaminantes. A meta é de atingir pelo menos 10% das propriedades registradas no SISBOV (O Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos) até 2023, permitindo ampliar o rastreamento do rebanho bovino brasileiro.
5. Dobrar a produção de leite nos próximos dez anos, pois atualmente são produzidos 178 litros por habitante por ano, bem abaixo da Argentina (215 litros por ano por habitante), Estado Unidos (259) e França (298).
6. Melhoramento da alimentação dos rebanhos e a higiene das instalações.
Fonte: Approach Comunicação Integrada
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