Publicado em: 02/12/2025 às 17:00hs
Reconhecido mundialmente como celeiro do mundo, o Brasil enfrenta um novo desafio: aumentar em 70% sua produção de alimentos até 2050, segundo projeções da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). O país, que hoje produz o suficiente para alimentar cerca de 900 milhões de pessoas — o equivalente a 11% da população global —, precisa ampliar a produtividade sem expandir suas fronteiras agrícolas, preservando o meio ambiente e adotando tecnologias mais eficientes.
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o Brasil perde anualmente cerca de US$ 2,5 bilhões devido à erosão hídrica em áreas agrícolas, principalmente em pastagens degradadas. O país possui 27,7 milhões de hectares com potencial de conversão produtiva — sendo 25,1 milhões aptos para intensificação da pecuária de corte e 16,9 milhões para produção de leite e cultivos diversos.
Para o zootecnista Oswaldo Stival Neto, especialista em produção de ruminantes e pastagens, a resposta está na recuperação de áreas degradadas e no uso de tecnologias sustentáveis.
“O produtor precisa adotar estratégias que garantam uma produção mais eficiente e sustentável. O solo é o maior patrimônio da agropecuária, e cuidar dele é essencial para o futuro do setor”, afirma o especialista.
Uma das soluções apontadas por Oswaldo Stival Neto é o capim Tifton 85, uma gramínea desenvolvida em 1992 nos Estados Unidos a partir do cruzamento entre espécies de climas temperado e tropical. A planta vem ganhando destaque pela alta produtividade, valor nutritivo e benefícios ambientais.
Segundo o zootecnista, o Tifton 85 oferece o dobro do valor nutritivo do capim braquiária, além de produzir maior volume de matéria seca por hectare e formar uma cobertura densa, que protege o solo contra erosão. Essa combinação proporciona ganhos expressivos de produtividade e sustentabilidade na pecuária.
“Com o uso adequado do Tifton 85, é possível aumentar a lotação animal em até dez vezes e produzir até 40 arrobas por hectare sem recorrer à ração”, destaca Stival.
Apesar de já ser reconhecido por institutos de pesquisa, o capim Tifton 85 enfrentava um entrave em sua adoção no Brasil devido ao método de plantio por ramas, que apresentava baixa eficiência.
A solução veio com o desenvolvimento do sistema de plantio por mudas, implementado pela empresa Amazon Mudas, onde Oswaldo e sua equipe criaram um processo inovador de cultivo, melhoramento genético e plantio mecanizado, semelhante ao de tomate ou batata, com o uso de plantadeiras específicas.
“Essa tecnologia resolveu o gargalo da implantação do Tifton 85 no campo, tornando o processo mais rápido, eficiente e acessível ao produtor”, explica o especialista.
Além de elevar a produtividade, o capim Tifton 85 contribui para a sustentabilidade ambiental. Sua cobertura vegetal ajuda a reter água e matéria orgânica, evitando que nutrientes e resíduos sejam levados pelas chuvas.
De acordo com Oswaldo Stival Neto, essa pastagem tem potencial para sequestrar até cinco vezes mais carbono do que as gramíneas tropicais convencionais, tornando-se uma aliada estratégica no combate às mudanças climáticas.
“Com tecnologias corretas, o Brasil poderia atender ao aumento global de 50% na demanda por proteína animal usando apenas 20% da área de pastagem atual”, calcula o zootecnista.
O cenário reforça a importância de inovação, capacitação técnica e políticas públicas voltadas à recuperação de pastagens. A aposta em tecnologias como o Tifton 85 mostra que é possível conciliar produção e preservação ambiental, garantindo o protagonismo do Brasil na segurança alimentar mundial nas próximas décadas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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