Nutrição

Palma é alternativa para manter rebanho

Com a confirmação de mais um ano de seca, o quarto consecutivo, e perspectivas não favoráveis para um bom período chuvoso em 2016, produtores rurais passaram a investir em segurança alimentar para o rebanho


Publicado em: 10/07/2015 às 14:30hs

Palma é alternativa para manter rebanho

O plantio de palma forrageira é uma das opções mais utilizadas em municípios cujo solo é favorável ao cultivo do cacto. A Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) e o Instituto Agropolos vêm realizando eventos e capacitações no Interior com foco na produção de palma forrageira e apoio à formação de reserva alimentar para o rebanhobovino, ovino e caprino.

No sítio Marrecas, zona rural deste município, no Centro-Sul do Estado, o agropecuarista Marcos Cortez, há pouco mais de dois anos, iniciou o plantio de palma forrageira. As plantas estão distribuídas em uma área de meio hectare e se desenvolvem bem. A escolha de cultivar palma surgiu como uma fonte alternativa mais viável para o produtor rural.

Na propriedade, Cortez também cultiva capim, cana-de-açúcar, mandioca e milho para a forragem dos animais. O plantio da cactácea tem significado muitas vantagens em comparação com outras culturas agrícolas, principalmente pelo baixo custo de produção, além do manejo, simples. "A gente faz a limpeza manual da área e tira as mudas para o replantio. O trabalho aqui é mínimo, além de ser uma fonte rica em energia para o rebanho", comenta o produtor Marcos Cortez, que cedeu sua propriedade para a demonstração da experiência. Na unidade agrícola, foi realizado um dia de campo com a temática "Reserva estratégica com produção de alimentos para o rebanho em longos períodos de estiagem".

Neste ano, Cedro teve perdas de 90% da safra de sequeiro, tendo como principais culturas o milho e o feijão. O município está em situação de emergência reconhecida pelo governo do Estado, e está inscrito no programa Garantia Safra. Uma situação comum a várias outras cidades do Interior neste período de seca.

Mais de 250 produtores rurais de Cedro e de outros municípios participaram de um Dia de Campo, na unidade experimental. Profissionais da Ematerce e de outros órgãos apresentaram técnicas de utilização de reserva alimentar estratégica - silagem, fenação do pasto nativo, amonização da palha do capim e do milho seco, além da utilização da mandioca e da palma.

De acordo com Itamar Lemos, diretor da SDA, o agricultor tem que adotar uma mudança de comportamento, decidir fazer reserva alimentar para o rebanho mediante os períodos de estiagem que o sertão enfrenta. "Não dá mais para esperar pelo próximo inverno, acreditando que vai chover cedo e que a alimentação vai surgir naturalmente", frisou. "É preciso adotar reserva de alimentação para ser utilizada no tempo de escassez".

O produtor rural José Benigno cria 60 cabeças de gado leiteiro, no Vale do Faé, em Quixelô. Assim como outros produtores da região, enfrenta dificuldades para se manter na atividade. "É difícil, mas é do campo que tiramos nosso sustento, a seca sempre existiu, o que podemos fazer é buscar meio de conviver com a falta de água", disse. "Mesmo na nossa região semiárida, muitos agricultores ainda se mostram despreparados para enfrentar a seca, que é comum".

O consultor Raimundo Reis Filho, da empresa Leite & Negócios é um dos incentivadores do cultivo de palma forrageira para reserva alimentar em longos períodos de seca por apresentar muitas vantagens - menor custo de produção, fácil utilização, manejo e elevado valor nutritivo, energético. "Depois de morte de gado nos dois primeiros anos de seca, observamos que os criadores estão mais preparados, têm reserva alimentar", frisou.

Fonte: Diário do Nordeste

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