Caprinos e Ovinos

Ovinocultura sofre com a falta de organização

Este foi um dos assuntos discutidos no III Simpósio de Ovinocultura da Universidade Estadual de Londrina (UEL)


Publicado em: 23/10/2014 às 14:40hs

Ovinocultura sofre com a falta de organização

A demanda por carne de cordeiro tem crescido a passos largos no País. Só no Paraná, são terminados por ano entre 20 mil e 23 mil animais. Porém, a oferta não tem dado conta de abastecer o mercado. Um dos motivos desse desequilíbrio é a falta de organização do setor produtivo que não consegue potencializar mais a atividade. Este foi um dos assuntos discutidos no III Simpósio de Ovinocultura da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

O evento foi organizado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Ovinocultura (GPPO), ligado ao departamento de zootecnia da UEL. A zootecnista Livia Galiano Mangilli, vice coordenadora do evento, explica que o objetivo do encontro foi difundir novas tecnologias da ovinocultura para produtores e estudantes e falar da atual situação do setor produtivo. Um dos focos, completa Livia, foi mostrar que é possível padronizar os sistemas de produção para que haja escala para abastecer as necessidades do mercado.

Para sincronizar os sistemas produtivos, a zootecnista explica que o ovinocultor precisa adotar uma série de medidas. A primeira delas é sintonizar a estação de nascimento e abate de animais. A segunda, sugere Lívia, é planejar a nutrição dos ovinos para estabelecer parâmetros de tempo de abate. Para isso, completa ela, o produtor precisa de mais apoio na área de assistência técnica.

Dificuldades

Há 12 anos na atividade, a ovinocultora Carla Bompiani Dancora Dias, de Nova Esperança (Oeste), afirma que o mercado segue aquecido, mas falta organização por parte do setor produtivo. "Quem tem animais não sabe para quem vender e quem compra não sabe de quem comprar", observa a ovinocultora.

Com um plantel de 400 animais, Carla trabalha com sistema de venda direta, ou seja, abate em um frigorífico próximo à sua propriedade, mas cabe a ela comercializar a produção. Segundo a ovinocultora, a criação de associações ou cooperativas pode ajudar o produtor a conquistar diferentes nichos de mercado e, assim, ter clientes fidelizados. "Muitas vezes o mercado quer um volume muito grande e não podemos atender", salienta Carla.

Por outro lado, a produtora revela que muitos ovinocultores da região têm medo de ampliar a produção e não dar conta de atender o mercado. Além disso, ela reclama que há poucas linhas de financiamento para o setor. "Meu sonho é fazer o próprio abate dos animais e comercializar cortes finos, mas para isso o segmento precisa se organizar", destaca. Carla completa que a atividade possui um potencial muito grande, com ciclos dinâmicos.

Luiz Fernando Coelho da Cunha Filho, diretor de ovinocaprinocultura da Sociedade Rural do Paraná (SRP), afirma que o setor melhorou muito com as cinco cooperativas que trabalham com carne de ovinos no Estado. Mas afirma que muitos produtores do Paraná ainda não assumiram o compromisso com as cooperativas. "Às vezes o ovinocultor vende direto para o mercado para receber um pouco mais, o que não vale a pena porque desestrutura o setor", diz. Ele completa que para ganhar um pouco mais o produtor acaba prejudicando todo o setor produtivo. Ao todo, segundo dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), o Paraná possui em torno de 600 mil cabeças de ovinos.

Fonte: Folha de Londrina

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