Publicado em: 03/09/2021 às 20:40hs
Diante da menor produção na safra 2021/22, os preços do cristal seguiram em alta no mercado spot do estado de São Paulo em agosto. O clima seco e as geadas prejudicaram as lavouras paulistas de cana-de-açúcar, contexto que vem limitando o volume produzido no correr desta safra. Na última semana do mês, especificamente, o movimento de avanço das cotações foi reforçado pela demanda mais aquecida.
A demanda interna um pouco mais aquecida ao longo de agosto elevou o ritmo de negócios envolvendo o algodão em pluma. Esse cenário atrelado à baixa oferta do produto no spot nacional e às valorizações externas e do câmbio resultaram em alta nos preços domésticos no acumulado do mês.
Em agosto, o Indicador ESALQ/SENAR-RS do arroz 58% grãos inteiros (média ponderada e pagamento à vista) oscilou entre R$ 75,83/sc e R$ 77,93/saca de 50 quilos. Na primeira quinzena de agosto, os preços do arroz em casca subiram 3%. Este movimento refletiu a demanda firme em algumas microrregiões acompanhadas pelo Cepea para recompor estoques – compradores reportaram preferência até mesmo pelo arroz “livre” (armazenado nas propriedades dos produtores). No entanto, esse cenário se inverteu na segunda metade do mês, com recuo de 1,75% do Indicador.
Com o poder de compra da maior parte da população brasileira fragilizado, o consumidor tem resistido em pagar preços mais altos pela carne bovina. Em agosto, a carcaça casada do boi, negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo, chegou a operar abaixo dos R$ 20,00/kg, o que não era verificado desde o início de junho deste ano.
Mesmo com a colheita da safra 2021/22 perto do fim, os preços do café arábica avançaram em agosto. Entre 30 de julho e 31 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, aumentou 69,79 Reais por saca (ou 6,9%), a R$ 1.084,23/sc no dia 31. No dia 30, o Indicador atingiu o maior patamar, em termos reais, desde 25 janeiro de 2012, fechando a R$ 1.102,36/sc (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de julho/21). O avanço nas cotações esteve atrelado especialmente à alta dos futuros externos e à retração vendedora.
O mês de agosto se encerrou com os preços dos etanóis hidratado e anidro em alta em toda a região Centro-Sul do País. O impulso aos valores veio especialmente da baixa oferta de biocombustível. Além disso, no dia 12, a gasolina A foi reajustada positivamente em 3,3% nas refinarias pela Petrobras, aumentando as cotações do etanol por consequência.
Aproveitando a boa liquidez da carne de frango no mercado interno, agentes do setor reajustaram positivamente as cotações de venda do animal vivo e da proteína ao longo de agosto. Essas altas buscaram acompanhar os elevados custos de produção para garantir a margem de avicultores e de frigoríficos. Diante das elevações, levantamento do Cepea mostra que os preços do frango vivo e do abatido inteiro renovaram em agosto os recordes nominais das séries históricas, iniciadas em 2004 para ambos os produtos.
Os preços do milho recuaram na maior parte do mês de agosto, pressionados sobretudo pela retração de compradores, que seguiram atentos ao avanço da colheita e ao menor ritmo das exportações. Além disso, alguns demandantes ainda aguardavam entregas de lotes negociados antecipadamente.
Com oferta restrita de animais e demanda aquecida, as cotações do cordeiro vivo subiram na maioria das praças acompanhadas pelo Cepea em agosto. No Paraná, o animal vivo teve média de R$ 12,97/kg, elevação de 5,4% na comparação com julho. Em Mato Grosso e no Rio Grande do Sul, os aumentos foram de 2,9% e 2,2%, respectivamente, com o animal negociado a R$ 11,50/kg no mercado mato-grossense e a R$ 9,00/kg no gaúcho. Em São Paulo, a alta foi de 0,8% frente ao mês anterior, e o preço do cordeiro vivo à vista foi de R$ 12,21/kg na média de agosto.
O dólar seguiu se valorizando frente ao Real em agosto, e esse cenário sustentou as altas nos preços da soja em grão no mercado interno no mês, à medida que deixou o produto brasileiro mais barato aos importadores. Assim, além da demanda firme, a baixa disponibilidade da oleaginosa nos mercados doméstico e internacional também influenciou os avanços nos preços domésticos ao longo de agosto.
A falta de chuvas e as altas temperaturas preocuparam agentes do setor de trigo em agosto. Com exceção de parte do Rio Grande do Sul, o clima no último mês esteve bastante seco, enquanto muitas lavouras estavam nas fases de desenvolvimento e de floração. Esse cenário atrelado à elevação da paridade de importação e à demanda elevada, principalmente por parte do setor de ração, mantiveram em alta os preços domésticos do trigo. No entanto, no fim do mês, as cotações passaram a recuar, apesar da baixa disponibilidade de trigo em grão e da aquecida demanda por farelo. A pressão veio da proximidade do início da colheita da próxima safra no País – as atividades devem começar em setembro.
Fonte: CEPEA
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